Polícia inferniza bairro Paraíso - Taxistas e moto-taxistas agastados com extorsão em larga escala
Os taxistas e moto-taxistas que circulam no troço Kicolo - Bairro Paraíso, município de Cacuaco, denunciam excessos cometidos pelos efectivos da polícia que fazem da extorsão o seu dia-a-dia, prejudicando a vida daqueles cuja missão é transportar pessoas de um ponto para o outro.
Por: Alfredo dos Santos Talamaku
As vítimas "do pente" começaram por dizer que não é uma situação nova, e para conte-la, lançaram vários apelos ao comandante da esquadra do bairro, mas o quadro continua o mesmo.
"Todos os dias, a polícia fica aqui a mandar parar as viaturas e motorizadas; o comandante 'Bigodinho' sabe disso", denunciam, referindo que as principais vítimas são os 'Kupapatas'.
"A polícia monta os seus postos nos quebra-molas, para, contra a nossa vontade, reduzirmos a velocidade", descrevem, revelando que tão logo o carro ou moto pára, eles correm para tirar as chaves da ignição para, de seguida, extorquirem.
Luisão, morador da rua do Hospital Maria Pia, disse que muitos acidentes no perímetro da ponte do Paraíso são causados pela acção dos agentes policiais.
Tem havido brigas entre motoqueiros e polícias. "Estes polícias estão completamente viciados; colocam o carro numa estação de serviço para fingir que estão a lavar a viatura; os outros ficam em pé, no meio da estrada, a escolher os carros e Kupapatas que vão ser abordadas, disse, enfatizando que já viu agentes da polícia a brigarem na hora de repartirem o dinheiro resultante da extorsão'.
Mateus Ndongala, funcionário do mercado do Kicolo lamenta o facto de todos os dias ter que suportar as linhas curtas feitas pelos moto-taxistas e taxistas devido a presença dos agentes na ponte do Paraíso.
"Passo por está via para chegar ao mercado e o espectáculo que vejo nesta ponte leva-me a perguntar se quem deve alimentar a polícia é o cidadão; ou o Estado”.
A partir das 8 até às 19 horas, disse, os polícias correm de um lado a outro a pedirem dinheiro, um cenário que ele acredita que tenha sido devidamente orientado.
"Porque eles não têm receio de ninguém, sobretudo um agente conhecido por Pedro", apontou.
Segundo o jovem António, moto-taxista, Pedro tem bastante experiência na prática de mandar parar motorizadas na estrada.
"Não sabemos a que esquadra pertence, mas dizem que o pai dele é um oficial do Comando Provincial de Luanda, por isso faz e desfaz", acusou.
Mediante as reclamações, uma equipe deste jornal deslocou-se até à ponte do Paraíso para constatar as denúncias feitas pelos motoqueiros e taxistas.
Por volta das 17 horas e 40 minutos desta terça-feira, 10, foi possível flagrar três agentes da polícia, que se colocaram ao meio da estrada para interpelar viaturas e motorizadas, dentre os quais estava o famigerado Pedro.