Caso Laurindo Vieira: Agentes do SIC serão ouvidos como testemunhas para esclarecer coação e ameaças de morte aos supostos assassinos
A audição do 'caso Laurindo Vieira' prossegue esta quarta-feira, 04 de Setembro, no Tribunal de Comarca de Belas, no Benfica, depois de ter sido suspenso no mês passado. Na sessão anterior, o realce recaiu ao facto dos alegados assassinos terem denunciado em Tribunal que foram coagidos e ameaçados de morte pelos agentes do SIC que os detiveram à aceitarem a autoria do crime.
Por: Telson Mateus
Depois dos arguidos terem negado a autoria do crime em tribunal, sob pretexto de terem assumido a culpa da morte do professor Laurindo Vieira, na via pública, em Janeiro deste ano, na zona do Patriota, no município do Talatona, devido a coação grave e ameaças de morte por parte dos agentes do Serviço de investigação Criminal (SIC), tal como foi difundido nestas páginas, o Tribunal da Comarca de Belas dá hoje, quarta-feira, sequência do julgamento.
Para esta quarta-feira, 04, o realce recai para a audição dos declarantes, considerados peças-chave para a descoberta da verdade material do crime, entre os quais, estão alguns seguranças da agência bancária onde o então reitor da Universidade Gregório Semedo se terá deslocado para proceder a uma operação bancária e levantar de dinheiro.
Outra peça fundamental que será ouvida em tribunal e que está arrolada no processo-crime como arguida é a caixa da agência do BIC, na Rua do Patriota, que atendeu o académico Laurindo Vieira antes do assalto que culminou com a sua morte.
Manobras dilatórias dos arguidos
Segundo apurou o NA MIRA DO CRIME, os argumentos apresentados pelos alegados assassinos, não fizeram mossa aos dignos representantes do Ministério Público (MP), por estes entenderem que tratar-se de manobras delatórias destes cidadãos com o fito de se verem livres de uma possível condenação e a consequente responsabilização criminal.
Em tribunal, os três principais arguidos no processo, de um grupo de seis acusados, negam terem matado o professor Laurindo Vieira, acrescentando que só aceitaram a acusação devido a fortes maltratos de que foram alvos e a obrigação dos afectivos do SIC sob ameaça de morte.
"Os agentes do SIC bateram com muita força à minha porta, esbofetearam-me e fizeram vários disparos de arma de fogo, em frente da minha família. Sem mandado de captura, e sem saber as razões da minha detenção, fui levado para um lugar que parece secreto, na Centralidade do Kilamba, a que eles chamam Floresta, onde me acusaram de ter matado o professor e disseram que iria morrer por envenenamento", disse o arguido Adriano Júnior "Mula", de 33 anos.
Em face desta acusação dos suspeitos, por formas a dar-lhes o benefício da dúvida, o tribunal convocou e vai também ouvir os agentes do SIC que procederam a detenção dos arguidos no sentido de esclarecerem os factos na condição de testemunhas.