Pede ajuda de João Lourenço: Menino de 13 anos de idade que nasceu com paralisia cerebral pensa suicidar-se por falta de ajuda do governo
Um menino de 13 anos de idade espera desde que nasceu, em 2011, pela Junta Nacional de Saúde, mas a morosidade nos serviços de saúde bloqueiam uma possível saída para o exterior do país. Desesperado, ele pensa em pôr termo à sua vida, porque não aguenta mais viver sentado e fazer necessidades maiores nas fraldas.
Por: Solange Figueira
Kwame Eduane da Silva, de 13 anos de idade, padece de uma paralisia cerebral, resultado de uma negligência médica no período em que a sua mãe, Maria Teresa Pereira da Silva, estava em trabalho de parto na maternidade Augusto Ngangula.
A família recorreu à Junta Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, pela primeira vez, em 2011, mas nunca teve repostas positivas por parte da instituição.
Em 2019, conta a mãe do adolescente, o processo morreu e continuaram sem respostas.
No entanto, depois de muita persistência, em 2020, lhes foi dada a resposta de que, por falta de verbas, e devido a Covid-19, o menino Kwame devia ser encaminhado para a República da África do Sul e não para Portugal como a família havia sugerido.
Depois desta resposta, nem água vem nem água vai. Por falta de apoio, a mãe decidiu, por conta própria, custear todos os gastos, levou o filho ao Brasil, depois à África do Sul, duas vezes para Cuba e seis vezes para Portugal.
Acontece que com a falta de apoios e a crise financeira, os custos aumentaram e viram-se obrigados a voltar ao país, para insistirem na junta médica, pedido não satisfeito por quem tem a responsabilidade de satisfazê-lo.
Dona Teresa viu-se obrigada a escrever uma carta, no dia 3 de Fevereiro de 2022, endereçada à Ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, clamando por ajuda e pedindo para ela disponibilizar-se a angariar 28.600 (vinte e oito mil e seiscentos dólares) para cobrir as despesas médica e medicamentosa, junto ao hospital Bangkok, na Tailândia, mas a carta nunca foi respondida.
Kwame Eduane, mesmo com paralisia cerebral e sem conseguir expressar-se correctamente decidiu falar com a equipa de reportagem do Na Mira do Crime.
Desesperado e clamando por ajuda, mostrou o seu descontentamento, por causa da morosidade da junta médica em dar aval positivo para o menor fazer o seu tratamento fora de Angola.
"Estudo a sexta classe, quero andar, preciso de ajuda. João Lourenço, ajude-me por favor!", suplicou.
Dona Maria Teresa conta que por estar nesta situação, no seu vai-e-vem para a junta médica deparou-se com vários casos de crianças especiais.
Com as mães dessas crianças decidiram criar um grupo nas redes sociais, onde se apoiam e se ajudam umas as outras.
"Já não sei o que fazer e aonde recorrer; o meu filho teve esta paralisia infantil no acto do meu parto. Pela primeira vez que recorri à junta médica, o Kuame estava apenas com sete meses de vida, mas comecei a notar que ele tinha alguma patologia desde os 3 meses de vida", relatou.
Nos hospitais onde recorriam, receberam garantias de que quando o menino completasse um ou dois anos de vida iria melhorar e tornar-se-ia numa criança normal, o que não aconteceu até aos dias de hoje.
Já teve passagem pelo hospital pediátrico, David Bernardino, onde foi assistido pelo doutor Leite que continua a assisti-lo, tendo havido alguma melhoria.
"Hoje, o Kuame melhorou muito, principalmente devido ao tratamento que recebeu em Cuba, que fez com que começasse a sentar. No Brasil, os médicos faziam sessões com o medicamento ozono que era enjeitado por via anal, e seria preciso ele fazer dez secções, mas na sétima secção, ele mostrou bons resultados e começou a falar. Já em Cuba, se ele fosse operado viria a andar, porque lá ele também desenvolveu muito. É pena que já não tivemos dinheiro e fomos obrigado a voltar ao país", descreveu.
A dor de cabeça para a mãe do petiz pretende-se com a compra de material gastável como fraldas e pensos, que passou a fazer parte das despesas diárias, não raras vezes a preços muito inamistosos.
Ainda assim, ela não desarma, e continua a alimentar o sonho de ver o seu filho a andar.
A falta de ajuda para concretizar o sonho tem resultado em situações constrangedoras, com o filho a pensar em se suicidar.
"Ele sofre muito e diz a todo momento que vai se suicidar, os médicos acreditam que é possível ele andar. Na semana passada, ficamos quatro dias sem dormir, porque o Kwame entrou em depressão profunda, chorava muito e a todo momento dizia que queria morrer, porque não aguenta mais usar a cadeira de rodas e fazer todas as necessidades maiores e menores na cadeira, dando trabalho às pessoas", conta a mãe que teve de levar ao filho ao cantor Miguel Buila que também é cadeirante, para ajudá-lo a sair da depressão.