O NA MIRA DO CRIME continua a radiografar a província do Cuanza Norte, e desta vez esbarramos com uma elevada onde de crime que assola os bairros Camundai, Três As e Sassa, que são controlados por grupos de marginais devidamente identificados por este jornal.
Por: Matias Miguel (Cuanza Norte)
Os bairros Camundai de Cima e Baixo, Três As e Sassa, são controlados por cinco grupos de marginais identificados como “Os TRV”, “Os Pipocas”, “A Do Vagão”, “Os Sete Retos” e “As Gangs do Talão”. Estes marginais fazem e desfazem nos bairros, onde os moradores reclamam da ausência da Polícia.
Paulina Gabriel, anciã de 78 anos de idade, vive na Camundai e falou em exclusivo ao NA MIRA DO CRIME da situação que mais aflige os moradores.
"Papá, tenho medo, vivo nesta cubata sozinha, os próprios marginais é que me tomam conta, não posso falar muito, senão a noite eu é que vou pagar”, disse.
A mais velha, que vive na zona desde o tempo colonial, “o meu primeiro filho, dos 3 que tive, faria 50 anos de idade agora, mas todos já morreram, vivo aqui na Camundai, zona da Lixeira, nós aqui vivemos no resto do mundo, bebemos água da cacimba, o bairro só tem duas casas com torneiras, e para adquirir água limpa tens que pagar 500 Kwanzas por mês, porque não há chafariz, este dinheiro vou tirar aonde”, lamentou.
Joaquim Baltazar, de 38 anos de idade, disse que o bairro Camundai é muito escuro, daí a facilidade dos marginais fazerem e desfazerem, principalmente na calada da noite.
“Desde 2014 que deixamos de ter energia eléctrica do Estado, um vizinho ou outro quando coloca uma lâmpada, os marginais retiram ou partem”, avançou, apontando a “Rua da Lama” como principal palco das acções dos bandidos.
“Eles roubam tudo e mais alguma coisa, chinelas Havaianas, perucas, roupas, portas, animais...tudo. Das 22horas adiante é proibido circular no bairro, os marginais usam armas brancas e armas de fogo para realizarem as suas acções”, denunciou.
Segundo moradores, os bandidos têm idades compreendidas entre 14 e 23 anos de idade.
“Polícias às vezes têm vindo no bairro, mais é para beber caporroto, não para proteger o cidadão, estamos entregues ao deus dará”.
Como se não bastasse, contam, os grupos quando entram em rixas, o povo é que sofre. Aleijam os transeuntes e quem estiver por perto. E entre eles matam-se entre si.
Os grupos interagem uns com os outros, no bairros dos Três As, por exemplo, tem o grupo dos Coqueiros, do outro lado tem os Calades, entre eles circulam de um e outro lado sem problemas, são amigos, explicam.
Grupos mais temidos
Os grupos mais temidos da cidade de Ndalatando são “Os Sete Retos” e “TRV”, estes dois grupos quando entram em rixas, normalmente termina em ferimentos graves.
Polícia diz que não é bem assim
A nossa equipa de reportagem contactou o porta-voz da Polícia no Cuanza Norte, Inspector-chefe Edgar Salvador, que considerou falsas às queixas dos moradores.
De acordo com o oficial de comunicação, a Polícia está a desenvolver acções que levem a detenção dos integrantes de grupos, “que até são conhecidos da Polícia, são nossos clientes", atirou. Edgar Salvador reconhece não serem pontuais quando chegam denúncias, por questões de meios técnicos e recursos humanos.