NOTA NEGATIVA – Contrariedades e vícios que enfermam a Polícia
A chamada Polícia de Ordem Pública, sobretudo a nível dos comandos municipais de Luanda, continua a ser alvo de muita crítica por parte da população, pelo comportamento indigno com que exercem as suas funções tanto nas esquadras como na via pública. Os agentes simplesmente fogem ao confronto com os meliantes, não patrulham os bairros, principalmente de noite, quiçá por medo, onde há confusão nunca há polícia, mesmo em zonas já denunciadas como sendo dominadas por delinquentes a polícia ignora e mesmo quando chamada, só aparece depois dos factos consumados, o que é uma Nota Negativa para a corporação.
Por: Na Mira do Crime
Não se pode escamotear o bom trabalho, no geral, que tem sido levado a cabo pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), pela Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP), pela Unidade de Reacção e Patrulha, em conexão com demais forças, no combate à criminalidade. Seria de todo injusto dizer que a Polícia Nacional está totalmente “demitida das suas funções”.
Contudo, o trabalho podia ser melhor se a Ordem Pública fizesse devidamente a parte que lhe toca. Fontes internas, agastadas com algumas situações, queixam-se de indisciplina por “vícios antigos” que persistem, mesmo que se troque a chefia. Os agentes só trabalham para “pentear”.
É incrível ver-se agentes a rodear as placas dos moto-taxistas para extorquir; inventam infracções para que o “culpado” desembolse um determinado valor e quando não satisfaz a vontade do “chefe” (o agente), recebem-lhe a moto que é levada para parte incerta e, geralmente, desaparece ou, se o seu proprietário a reaver, tem que passar por muitas peripécias e recebe o meio em mau estado, por uso e abuso, de quem devia zelar pela lei.
No dia da cidade de Luanda, 25 de Janeiro, como já tem sido hábito, datas aproveitadas para fazer passar toda “propaganda enganosa”, em que se descreve Angola como o “melhor país do mundo”, etc… Igualmente se passou a mensagem de que a “criminalidade está controlada e o índice baixou”.
É preciso ter muita coragem para vir a público dizer uma baboseira sem tamanho e enganar toda a sociedade.
Hoje por hoje, a delinquência atingiu, em Luanda e um pouco por todo o país, conforme relatos que nos chegam, graus assustadores, tendo em conta o número e tipo de acções que estão a ser levadas a cabo pelos bandidos, de forma isolada ou em grupos, assim como a mestria com que concretizam os seus objectivos, o que pressupõe não só cálculo dos prós e contras, mas também alguma orientação para conseguirem levar a cabo com êxito os seus propósitos.
Pode não parecer, mas a população de Luanda, com incidência para aquela que vive na periferia da metrópole, a dos bairros menos estruturados e para os utentes nocturnos das diversas estradas da província, há um grande desassossego.
Não se confia na Polícia, diga-se o que se dizer, porque há muito que a população vive constrangimentos, sofre assaltos, provocações, abusos de toda a ordem, diurnos e nocturnos, vezes sem conta, mesmo à vista de agentes da Polícia, sem que façam algo.
Além da “lei da gasosa”, actualmente preferem dizer “saldo”, uma “doença que não tem cura”, os homens da farda azul, que deviam zelar pela lei, tranquilidade e ordem pública, simplesmente fogem ao confronto com os delinquentes como “gato escaldado foge da água fria”.
Há quem defenda que a Polícia trabalha, porque agora vai dando um “ar da sua graça”, apresentando aos órgãos de comunicação social, alguns delinquentes detidos por diversos crimes comprovados, mas que alguns dias depois já são vistos soltos pelas ruas, vangloriando-se nos seus bairros e locais onde cometeram crimes e fizeram vítimas, voltando a cometer mais crimes.
Contudo, a criminalidade mesmo, aquela que já tem contornos de crime organizado e de crueldade extrema, essa continua a fazer das suas e mais: está a crescer e a enraizar-se a uma velocidade estonteante que, brevemente, será muito difícil controlar.
Os homicídios estão na “ordem do dia”. Todos os dias há relatos de assassinatos, em assaltos a residências ou na via pública, tráfico de seres humanos, entre vários outros crimes e aberrações, têm sido o “pão de cada dia” na sociedade angolana da actualidade.
Ainda de acordo com as fontes internas já referidas, actualmente a Polícia Nacional está cheia de “miúdos” e “meninas”, que entram por esquema, pagando altos valores e/ou por nepotismo; filhos, afilhados, irmãos, sobrinhos, de ambos sexos, que depois da recruta, mesmo na condição de inaptos, em poucos dias já ostentam patentes de diversos escalões, ocupam gabinetes onde não fazem nada e auferem salários superiores aos que há muito vão dando o seu melhor, porque passam logo a ser chefes hierárquicos destes.
As fontes referem que “os antigos são humilhados e obrigados a fazer continência (bater pala) a inaptos, sem postura nem firmeza e a moças enfezadas que não se aguentam com o peso de uma AKM”, porque são “filhinhos de papá ou afilhados deste e daquele”.
Ninguém é contra o rejuvenescimento da corporação, porque o tempo passa e as pessoas envelhecem. A injecção de sangue novo tem e deve ser feita consoante as normas e o respeito à dignidade dos antigos. Devia-se renovar para melhorar e não para encher de vícios e atitudes a todos os títulos contrárias às normas que norteiam uma polícia que se preze enquanto instituição republicana, de segurança e protecção dos bens do Estado e, sobretudo, do cidadão e da vida humana.
Se a criminalidade avança, desenvolve-se, a Polícia tem que estar muito a frente em todos sentidos, Antes que o crime aconteça já deve ser previsto e controlado!