NOTA NEGATIVA – Subida do preço dos combustíveis deriva da insensibilidade do Governo para com os problemas do Povo!
O recente anúncio da retirada dos subsídios aos combstíveis e a consequente subida dos preços é um assunto que, nos últimos dias, está a bulir com toda a sociedade sem excepção. Os cidadãos, não só os mais carentes, mas até os abastados, ressentem-se pela crítica situação que tal medida acarreta diante do cenário de miséria e penúria que se vive em todo país. Os cidadãos referem que a insensibilidade do Governo perante os problemas que os afligem é que está a matar o Povo. Nota Negativa!
Por: Jap Kamoxi
Os problemas económicos em Angola continuam sem solução e a sua normalização não será breve pela forma como têm sido conduzidas as políticas referentes ao segmento económico/financeiro do país, afirmam especialistas.
A retirada dos subsídios e alteração nos preços dos combustíveis, como é por demais sabido, terá um impacto negativo sobre a vida das famílias, empresas e a economia em geral.
Desde que a medida foi anunciada tornou-se no motivo de todas as conversas gerando diversas opiniões e, sobretudo, muita apreensão nos cidadãos, principalmente os que já vivem de forma “apertada”.
Entre as opiniões debitadas, destaca-se o descontentamento dos cidadãos que consideram que o Governo não está preocupado em resolver os problemas do Povo e sim complicá-los.
“O Executivo tem demonstrado uma insensibilidade reprovável a todos níveis, considerando que tudo quanto tem sido prometido acaba por não ser cumprido. Criam-se uma série de argumentos, deixa-se o tempo passar, fala-se muito, mas não passam de teorias vazias, porque as soluções práticas nunca acontecem”, descrevem.
Na realidade, os cidadãos, ou seja, a sociedade em geral, acusam os governantes de serem os culpados da desgraça em que se encontra o país, são eles que têm todas as mordomias, são eles que delapidam o erário sob o pretexto de executar projectos que nunca são concluidos ou mesmo nem são vistos e os dinheiros simplemente desaparecem.
No primeiro mandato do Presidente João Lourenço, este prometeu reduzir os departamentos ministeriais e os gastos exorbitantes efectuados pelos mesmos, o objectivo seria constituir um Executivo mais “enxuto”.
Porém, a realidade hoje demonstra que a criação de “super-ministérios”´, ou seja, a junção de vários ministérios num só, mas com um grande número de secretarias de Estado, em vez de minimizar o problema, apenas o dilatou.
O Governo continua com um grande número de departamentos, cujos titulares dos cargos, principalmente boa parte dos secretários de Estado, nada fazem, não passam de autênticos “paraquedistas” que não entendem nada dos cargos em que foram colocados, acarretando enormes despesas ao Estado, põem em causa a credibilidade do Executivo e mancham a imagem do próprio Chefe de Estado, cuja popularidade já não é das melhores.
Em cerca de nove meses, de Junho/2023 a Março/2024 a questão dos subsídios e preço dos combustíveis volta a ser posta como “a culpada de todos os males” da economia angolana. Os cidadãos questionam se com a retirada dos subsídios e uma nova subida de preços dos combustíveis é que a economia vai melhorar e as penúrias por que passa o Povo vão diminuir?
Diante do enfraquecimento constante da moeda nacional, kwanza, com a consequente alta de preços da cesta básica, as previsões de especialistas apontam para a manutenção da tendência de aceleração da inflação no primeiro semestre do corrente ano que poderá agravar mais adiante.
“A anunciada mexida está a ter um grande impacto na sociedade, atendendo anteriores experiências negativas, porque quando se mexe no preço dos combustíveis, tudo muda, os preços vão novamente disparar de forma drástica e muita gente não terá meios suficientes para sobreviver, os transportes de passageiros e de carga vão triplicar as suas tarifas e, pela forma tensa que já se vive no país, pode-se esperar por convulsões que não serão nada benéficas”, referem os especialistas.
A situação está a contribuir para o aumento do descontentamento social e a possibilidade de protestos, tendo em conta o impacto significativo, negativamente, a nível social, com agravamento das condições de vida da população, somando-se ainda o efeito conjugado da inflação e o aumento do desemprego “que tem-se reflectido pejorativamente no consumo privado e sobretudo no sector do comércio, constituindo mais uma pressão negativa sobre a economia”, realçam os analistas.
Com a desvalorização do kwanza, os preços dos produtos alimentares e não alimentares continuam a subir para níveis muito elevados, mais do que se esperava anteriormente, sem que o Governo encontre soluções que se adaptem ao momento para contrapor a tendência. “Esta mexida aos combustíveis não vai melhorar nada, só vai piorar tudo, os especialistas do Governo estão a ‘trocar os pe´s pelas mãos’ e essa não é a solução”, alertam.
A população não percebe como é que um país tão rico como Angola, que explora petróleo em quantidades consideradas para lá do que se recomenda, explora diamantes às toneladas, ouro, cobre, águas raras, zinco, granitos e rochas ornamentais, madeira e muito mais, que enriquece meio mundo, não consegue criar condições para a tão badalada “diversificação da economia”, nem consegue alimentar basicamente a sua população, que sofre e morre na miséria, em contraste com o luxo e as mordomias dos governantes!
Algo não bate certo e o Presidente da República deve rever as suas posições e perceber melhor o que lhe tem sido aconselhado, porque as “águas estão por demais turvas”!