NOTA NEGATIVA: Enquanto a Polícia não usa os mecanismos ao seu dispor, marginais tomam conta das ruas e matam a bel-prazer
Nos últimos dias, semanas ou meses, a criminalidade em todo território nacional tem subido a fasquia, fazendo com que a população tenha um sentimento de insegurança generalizado. Já não se pode tapar o sol com a peneira, ou activem os militares para apoio, ou teremos todos os santos dias corpos de cidadãos inocentes perfurados de balas.
Por: Osvaldo de Nascimento (Jornalista e Director do Jornal Na Mira do Crime www.namiradocrime.info)
Alguns factores são apontados como principal causa deste fenómeno, a começar pela pobreza que afecta quase todas as famílias angolanas, a ‘despreparação’ de alguns polícias nomeados para comandar esquadra ou comandos municipais. Quem não fica de lado, são procuradores ou juízes de garantias que, sem conhecerem de facto o problema que levou este ou aquele cidadão para cadeia, fazem jus da posição que ‘ostentam’ e mandam até o mais perigoso para liberdade, deixando centenas de patriotas à mercê destas escumalhas.
Na madrugada de quinta-feira, 14, por exemplo, eram 3h 58 minutos quando recebi a chamada de um familiar, aflito, morador do município do Kilamba Kiaxi, dando conta que sete elementos estavam no interior do seu quintal, armados, e estavam a poucos minutos de arrombar as grades que separava o quintal da porta principal.
Dada a gravidade e urgência, e uma vez que a escassos metros da residência havia uma esquadra, fartei-me de ligar para o telemóvel do Segundo Comandante municipal daquela urbe, “Mingas”, por sinal filho do antigo Comandante-Geral da Polícia, Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda”, mas este não atendeu a nenhuma chamada.
O mais grave, no entanto, é que não se deu ao trabalho sequer de retornar à chamada 24horas depois.
E de acordo com pessoas contactadas, ele é assim mesmo: não atende a ninguém. Este tipo de gente não serve, não nasceu para servir e, se for para o acomodar por causa do pai, que seja colocado num gabinete qualquer, aguardando patentes e benesses, mas que não seja colocado num posto de mando.
Este tipo de polícias, que não são poucos na corporação, não sabem o significado de ser polícia e não devem, em nenhum momento, estar à frente de operativos que estão talhados para o trabalho, desmoralizam!!!.
A actual situação da criminalidade no país, particularmente em Luanda, onde, por acaso, tem um Comandante Provincial atento e que sabe levar o barco a bom porto, só peca, por um lado, pelo facto de termos comandantes municipais e/ou de esquadras ‘mediúcres’, e por outro lado, pela falta de comprometimento com a farda.
Polícia deve manter a ordem e a tranquilidade e aí onde há uma esquadra ou um agente da ordem, é o local onde deveríamos nos sentir mais seguros; mas, infelizmente, hoje por hoje não é assim.
É verdade que há, entre os mais de 115 mil efectivos, muitos bons comandantes e polícias, mas não podemos nos habituar a ver agentes do SIC baleados durante um roubo, efectivos do DIIP baleados durante assalto na via pública, oficiais superior da polícia assassinados com tiro na cabeça por criminosos; oficiais generais assaltados, militares executados em frente do filho e da esposa.
Esta, com certeza, não é a sociedade que queremos, daí a obrigação do Comandante-Geral, Comissário-Geral Arnaldo Carlos, ser obrigado a usar todos os meios que tem em sua posse para nos salvar dos bandidos. Caso contrário, vamos voltar aos tempos passados, onde a população não tinha outro meio, a não ser a justiça por mãos próprias. Aliás, a sociedade já caminha para esta via, porque sente que é a única maneira de combater os criminosos.
Alguém tem que nos salvar dos marginais, todos os dias há corpos na rua, assassinatos, homicídios, raptos e violações, que são actos praticados por criminosos bem identificados.
Já ninguém anda seguro nesta capital, todos oram antes de sair e agradecem a Deus por regressar vivo a casa. Se, por algum lado, agentes do Ministério Público, que fingem viver longe da realidade actual, soltam tudo e mais qualquer coisa em troca de ‘trocados’, porque supostamente a vida que têm não é a que ‘merecem’, alguém tem que fechar alguma cadeia e abrir mais cemitérios, como já disse alguém.
Não podemos estar a brincar de Estado, a resposta deve ser firme, concreta e directa, é importante peneirar os bandidos que estão no seio da corporação e colocar um fim nestas quadrilhas que infernizam todos os dias pacatos cidadãos.
A Polícia está para defender o povo, então, que faça o seu real trabalho, porque caminhamos a passos largos a uma realidade brasileira, onde grupos confrontam o poder instituído, ameaçam e matam juízes.
A hora é esta, sugiro que coloquem as pessoas certas nos lugares certos, senão a criminalidade daqui a pouco vai bater a vossa porta, com a mesma violência que bate na nossa.
A Constituição da República de Angola não estabelece a pena de morte, também, defende que a vida é o bem maior. Assim sendo, a vida deve ser defendida com a mesma proporcionalidade.
Nesta linha de pensamento, não podemos admitir que um simples bandido arroga-se a tirar a vida dos outros e, como castigo, cumpre alguns anos numa cela, onde depois de a sociedade esquecer os seus actos macabros, terá a oportunidade de voltar a conviver com os outros, mas com a possibilidade de voltar a cometer a mesma atrocidade.
O “corte” é importante e urgente para esta espécie. Se no tempo da DNIC, mesmo sem smarthphones, redes sociais ou câmaras de vigilâncias os bandidos eram alcançados e responsabilizados ‘como deve ser’, nesta época, onde há mais recursos humanos, administrativos e letais, não podemos aceitar que os criminosos põem à prova a capacidade de resposta do Ministro Laborinho, que no final é o ente máximo da nossa segurança interna.
É urgente que o Estado tome uma posição, é crucial que as autoridades angolanas salvaguardem a vida dos angolanos.