NOTA NEGATIVA – Violência no mês da paz causa um morto, três feridos graves e avultados danos materiais à caravana da UNITA
Angola comemorou o Dia da Paz e Reconciliação Nacional a 4 de Abril. Poucos dias depois, atendendo a tensão dos últimos dias nos círculos políticos nacionais, em virtude da possível realização das eleições autárquicas no país, os tons “endureceram” sobremaneira. A este propósito, o partido UNITA, agendou a realização de jornadas municipais para realizar actividades de solidariedade junto das populações, e nesta sexta-feira (12), a notícia de que a caravana da UNITA foi atacada no Kuando Kubango, tendo morrido uma pessoa, tornou sombrio o cenário político angolano, sendo uma Nota Negativa que obscurece a esperança dos angolanos.
Por: Jap Kamoxi
Quando a intenção esta semana era apresentar uma nota positiva, eis que a notícia do ataque à caravana da UNITA no Kuando Kubango manchou negativamente a esperança e o anseio por dias melhores das populações angolanas.
Depois de anunciada a aprovação do último diploma do pacote legislativo autárquico, que emperrava todo o processo para a realização das autarquias, o assunto voltou a aquecer os debates em vários círculos da sociedade.
Contudo, em vez de ser motivo de um verdadeiro sentido de Pátria, as autarquias, antes mesmo da aprovação final e de ter data marcada, voltou a reavivar as chamas da polémica que se arrasta por mais de uma década.
O partido UNITA, galvanizado, agendou a realização de jorndas municipais em todo país, de 8 a 13 de Abril, para organizar actividades de solidariedade, entre outras, junto das populações.
Mas, antes de as mesmas começarem, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, acusou os governos provinciais de alegada tentativa de inviabilização das referidas jornadas municipais.
Nas últimas horas uma notícia caiu como uma bomba na sociedade angolana, referindo que uma caravana da UNITA composta por deputados e vários dirigentes locais foi apedrejada por vários indivíduos quando se deslocava do Longa para a povoação do Cuito Cuanavale, no Kuando Kubango, fazendo um morto e vários feridos.
No referido incidente três membros locais do maior partido da oposição ficaram gravemente feridos, e a UNITA assegura que antes da deslocação pediu apoio policial ao comando provincial da Polícia Nacional no Kuando-Kubango, mas este recusou, alegando que o faria no local de destino e não no percurso.
O líder do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, que já alertara a opinião pública para a resistência manifestada pelos governadores provinciais em relação às jornadas municipais, acusou directamente o regime de estar por detrás do ataque à caranava do partido do "Galo Negro".
O dirigente da UNITA reitera que o MPLA tem estado a tentar inviabilizar as suas jornadas parlamentares no país inteiro e que este episódio trágico demonstra isso mesmo.
Para além dos feridos, houve danos materiais e a UNITA considera muito grave a situação que os seus deputados e membros da sua delegação viveram na manhã de sexta-feira, 12 de Abril.
O Governo é acusado de usar os órgãos do Estado para inviabilizar as actividades da UNITA e promete responsabilizar os culpados, prometendo trazer a público outros desenvolvimentos a respeito deste ataque que vitimou mortalmente um dos seus membros.
Em 23 anos, a manutenção da Paz tem sido possível com o entendimento de todos actores políticos, a reconciliação nacional e a necessidade da tolerância política entre os diferentes partidos, seus militantes e apoiantes, que devem ser permanentemente educados no sentido de se comportarem com civismo e patriotismo, evitando todo tipo de violência contra pessoas e bens públicos e privados.
Tanto os governantes como os líderes de partidos políticos devem primar sempre por um discurso pacífico e congregador promovendo a concórdia e harmonia, contribuindo assim para um mundo melhor e para a consolidação da Paz.
A importância dos angolanos cultivarem o perdão entre si, através de acções de cidadania, tem que ser sempre incentivada, acabar os conflitos internos, com o objectivo de se alcançar a paz espiritual e consolidar-se a paz social tão duramente alcançada.
Na opinião de um líder religioso, “as verdadeiras mudanças no ser humano produzem-se em primeiro lugar na alma e no espírito, razão pela qual é preciso que cada um elimine os conflitos internos para preservarmos a paz”.
Os cidadãos devem evitar julgar e falar mal dos outros, sem se importarem com as feridas que causam e com as cargas negativas que atraem. As críticas devem ser feitas com amor e sinceridade, para não magoar.
Na mesma esteira, os governantes e os líderes de partidos políticos devem ser exemplos na sociedade, com actos e palavras, de modo que o seu sentido de responsabilidade seja elevado à categoria de virtude, devem primar sempre por um discurso pacífico e congregador, promovendo a concórdia e harmonia, contribuindo, deste modo, para um mundo melhor e para a consolidação da Paz.
A Paz tem sido uma peça importante na garantia da qualidade de vida dos angolanos, e não se deve poupar esforços no processo de reconciliação entre irmãos, uma tarefa que é de todos os poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judicial, dos partidos políticos e de todos cidadãos.