NOTA NEGATIVA – Chineses continuam apostados em desgraçar Angola
Hoje por hoje, para um cidadão comum, degustar um mufete, um carapau, uma lambula ou até mesmo umas kabuenhas, está difícil, um kalulú então nem pensar. Acabaram-se as almoçaradas de sábado em família, em que a “iguaria” principal era o peixe. Tudo porque alguns “amigos da onça”, sobretudo chineses, estão a devastar o mar angolano. A incerteza no amanhã, a tristeza e a miséria dos populares ante os desmandos chineses é Nota Negativa!
Por: Jap Kamoxi
Uma vez mais os chineses são tema de conversa nesta coluna pela negativa. Ao abrigo não se sabe de que acordos, a República da China, ou os seus cidadãos, usam e abusam de Angola como se de sua propriedade privada se tratasse.
É simplesmente inadmissível, a todos títulos, o que tem sido protagonizado em Angola pelos cidadãos da China, só pode acontecer num “país de bananas”, que infelizmente é isso o que os chineses pensam que Angola é.
Como as autoridades angolanas, apesar de tantas denúncias e factos evidentes, vão ignorando os desmandos dos chineses, isso confere-lhes um sentimento de impunidade, autonomia, de supremacia mesmo sobre os angolanos.
A imprensa pública foi “amordaçada” quanto ao assunto, o Governo não toma qualquer posição em defesa dos interesses nacionais e dos angolanos, limitam-se a ver a “caravana a passar”, enquanto dormem à “sombra da bananeira”, o que vai aferindo consistência às suspeitas de que, mais que acordos de dívida, o Governo esconde do povo angolano a verdade sobre a “cooperação” com a China.
Cogita-se que partes do território angolano tenham sido penhoradas e/ou vendidas aos chineses para efeitos de exploração em seu proveito, em detrimento dos angolanos.
Em tempos, um chinês, de um grupo detido nas florestas do Kuando Kubango, onde exploravam madeira, abatendo árvores e tudo ao redor sem dó nem piedade, arrasando tudo, afirmou com desdém aos fiscais e agentes da polícia que os detiveram, que “estavam a perder tempo”, porque eles (chineses) estavam somente a trabalhar nos terrenos deles, porque a província do Kuando Kubango tinha sido “vendida” à China.
Este assunto foi motivo de algumas manchetes de semanários da imprensa privada na altura. De lá para cá, a desmatação do Kuando Kubango e do Moxico prossegue até aos dias actuais a alta velocidade.
O mesmo vai acontecendo em outras regiões do país. Aliás, há notícias veiculadas nos últimos dias dando conta de que uma empresa chinesa foi surpreendida a abrir picadas em florestas do Kuando Kubango para facilitar as actividades de exploração de madeira e outros minerais estratégicos.
A exploração desenfreada de madeira está a provocar o desmatamento de áreas virgens e não só é que, a não ser contida, pode evoluir para o empobrecimento das terras, já que nem as lavras de onde a população retira o sustento do dia-a-dia estão a ser respeitadas.
Nessas áreas, os chineses não estão a provocar só o desmatamento e a destruir toda fauna existente, exploram também inertes como areia, burgau e pedras, o que está na base da crescente erosão de terras que se assiste um pouco por todo o país e vão causando o surgimento de ravinas que, em algumas localidades, estão a “engolir” comunidades inteiras.
Segundo especialistas, “qualquer exploração de matéria-prima como os inertes ou o desmatamento deve obedecer a estudos prévios da região a ser intervencionada e, depois, devem-se estabelecer metas para essa exploração, o que não é o caso do que está a acontecer em Angola”.
O mesmo se pode dizer dos minérios. Angola é um país imensamente rico, a pontos de possuir riquezas ainda inexploradas, para não dizer desconhecidas, mas muitos desses recursos naturais estão a ser explorados à exaustão, como são os casos, nunca é demais repetir, dos diamantes, das rochas ornamentais, do ouro, cobre, zinco, minério de ferro, e muitos outros em prospecção como as terras raras, titânio, lítio, neodímio e praseodímio.
Uma situação preocupante actualmente é a exploração sem regras de ouro, principalmente na Huíla e em Cabinda.
Os chineses enviam para o seu país grandes blocos de rocha que contêm diversas matérias primas, sem que as autoridades se oponham.
Mais recentemente, muito se tem falado da devastação do nosso mar e os chineses são acusados de, com os seus arrastões, estarem a dizimar toda a fauna e flora marítima.
A costa marítima angolana tem sido, ao longo dos tempos, alvo da incursão de pirataria, contrabando e pesca ilegal, com resultados negativos para a economia e a indústria pesqueira nacional.
Os frutos do mar são diariamente surripiados às toneladas e levados para outros mercados em detrimento dos angolanos.
Actualmente a população sofre, muita gente deixou de comer peixe, pois devido a escassez de peixe que se regista no mercado, o que aprece é vendido a preços que o bolso de muitos cidadãos, hoje por hoje, não consegue pagar.
Tal fenómeno, de escassez de pescado, tem sido apontado a diversos estrangeiros, com destaque para os chineses, que se aproveitam da fragilidade e negligência quanto à vigilância e controlo das águas nacionais e da costa marítima em si.
A falta de pescado com que os pescadores angolanos, de pequeno porte e artesanais, se têm deparado no mar, que se reflecte negativamente no abastecimento do mercado, é resultado da voracidade com que as embarcações estrangeiras de grande porte, nomeadamente chinesas, praticam a pesca industrial.
Arrastam tudo, o que tem provocado a crescente falta de espécies de peixe mais consumido pela população comum, entre as quais o popular carapau, a sardinha, vulgo lambula, o caxuxo, o peixe-espada, até as “kabuenhas”, tudo desapareceu.
Mesmo nas zonas da costa onde abundavam, deixaram de aparecer, os viveiros têm sido destruídos pela voracidade com que esses “piratas”, chineses e outros, estão a desgraçar o nosso país.
O assunto tem causado tristeza e descontentamento aos cidadãos, principalmente nas famílias que já nem podem comer um “mufete”, por falta de lambula, carapau, etc, assim como tem merecido o repúdio da sociedade em geral e também de instituições internacionais que acompanham a situação em Angola.
Na opinião de especialistas, “Angola precisa com a maior urgência de um eficiente sistema organizado de vigilância e controlo das águas marítimas, de um eficaz sistema de inviolabilização da sua longa costa de 1.650 kms, para controlar e conter não só a pesca ilegal, mas também actividades conotadas com o crime organizado, entre as quais o narcotráfico e a imigração clandestina, bem como uma mais eficaz protecção das zonas de exploração de petróleo e gás no off shore”.
Para tal, consideram, “a reabilitação a Marinha de Guerra Angolana (MGA), contribuirá, sobremaneira, para um eficiente sistema de vigilância e controlo das águas marítimas, bem como no combate à pesca ilegal”.