Chivukuvuku considera perigoso quando Governo e povo ficam desesperados ao mesmo tempo
O político e deputado da UNITA, Abel Chivukuvuku, considera que do ponto vista “psico-moral”, a população, aos poucos, está a entrar em desespero e o país não está a conseguir travar o desespero, mas também vai-se sentindo que o próprio governo, como falta pouco tempo para 2027, também está a começar a ficar desesperado. E uma equação desespero do povo mais desespero do governo é perigosa.
Por: Lito Dias, no Huambo
O político que falava à imprensa no final das jornadas do dia do Deputado da UNITA que se assinalou no dia 08 do mês em curso, dia em que, há dois anos, faleceu o parlamentar desse partido, Raul Danda, assegurou que no âmbito da FPU, são três os propósitos que levaram o Grupo Parlamentar da UNITA a realizar as suas jornadas no Huambo: constatar, auscultar e transmitir a mensagem de esperança.
A ideia é ter a percepção directa sobre a condição de vida dos cidadãos, as infra-estruturas e dialogar com as entidades da província.
Auscultaram os cidadãos directamente "para percebermos as suas ansiedades, as suas preocupações, as suas frustrações e o que é que acreditam e pensam".
Por último, os deputados transmitiram a mensagem de fé e esperança porque, de acordo com Chivukuvuku, há muito sofrimento, há muita fome, há muito desalento e frustração, mas as pessoas têm que acreditar que, elas próprias, têm que trabalhar para mudar o contexto e mudar essas condições de vida.
"Temos que dizer à população que o futuro é a Frente Patriótica Unida; 2027 tem de haver alternância em Angola, para que tenhamos um programa virado para as pessoas", sublinhou.
Para o político, em Angola está-se a ter no país uma espécie governo de teatro.
Para sustentar a sua afirmação, ele diz que Luanda tem uma marginal muito bonita, mas não muda a vida de ninguém. "Em vez de se gastar bilhões a fazer a marginal, porquê é que não vamos aos bairros onde vivem pessoas fazer o saneamento urbano, trazer a água e a energia para que a vidas pessoas mude", questionou Chivukuvuku.
Pobreza, fome, sofrimento e o desemprego da juventude são algumas situações inventariadas pelo político para sustentar a ideia de que tudo em Angola vai mal.
Não compreende, por exemplo, que uma província potencialmente agrícola as pessoas morram de fome.
“Constatamos que o governo nem está interessado, nem está preocupado, nem tem sensibilidade, nem tem ciência, nem vontade”, acusou, referindo que os deputados da UNITA podem ajudar a corrigir as coisas.
A governação na província do Huambo, acrescenta, vai muito mal e o partido no poder tem noção disso.
“A governadora até fugiu, não quis conversar connosco, mesmo sabendo que o Adalberto é membro do Conselho da República. Ela foge ao diálogo, foge à conversa”, culpou.
Quatro problemas para o país
“Do ponto de vista político, infelizmente o país não tem rumo claro, porque nas sociedades desestruturadas dialogamos, discutimos e concordamos que teremos eleições autárquicas no ano tal e vamos melhorar o ambiente democrático paulatinamente. Do ponto de vista económico, estamos quase em banca rota. 60% dos recursos do país servem para pagar dívidas. Se estivéssemos a pagar dívida de uma coisa positiva, não seria grave, mas estamos a pagar dívidas das estradas que já estragaram, e de infra-estruturas que também já estragaram”, disse,
“Gastamos à toa, porque os 40 por cento que restam não servem para resolver os problemas imediatos da população”, sentenciou.