Manuel Homem ‘perde-se’ nas redes sociais e ‘abre portas’ para o 25º Governador de Luanda
O engenheiro Manuel Gomes da Conceição Homem é o 24º governador da província de Luanda, a quem o Presidente João Lourenço deu poderes para reordenar a cidade que ‘enterra’ governantes, mas ao que tudo indica, prestes a completar dois anos desde a sua ascensão, a sua aparatosa queda parece estar iminente em função dos problemas que a capital do País continua a enfrentar.
Por: Telson Mateus
Figura com que o MPLA planeia (va) reverter a derrota sofrida em Luanda nas últimas eleições, Manuel Homem surgiu em 2023 como a ‘luz no fundo do túnel’ pela forma arrojada de fazer política, tendo se introduzido aos bairros tidos como bastiões da UNITA, maior parte deles, com um índice de criminalidade acentuado e se aproximado da população por via das redes sociais.
Com uma passagem algo polémica pelo ministério da Comunicação Social, pelo facto de ter sido durante o seu consulado que o Governo encerrou vários órgãos de comunicação social e chamando para si a gestão de outras empresas privadas do sector, Manuel Homem destacou-se igualmente com actos corajosos e arriscados ao tocar em sectores sensíveis que, inclusive, deixaram cair outros governadores, como o reordenamento do comércio na cidade de Luanda.
Se por um lado Manuel Homem parece ser o ‘tal’, por outro, é apontado como aquele governador que parece ter ficado no conformismo e relaxado às benesses do seu cargo, relegando a capital do País, que já foi, em tempos idos, uma das mais referenciadas do mundo (a mais cara do globo) ao abandono.
Marcolino Freitas, um luandense de gema, em entrevista ao NA MIRA DO CRIME, referiu que a situação actual de Luanda demonstra uma cidade desgovernada.
“Notamos que a cidade de Luanda está sem jardins, sem semáforos, com falta de iluminação e urinóis públicos e várias vias esburacadas, numa altura em que se gasta muito dinheiro para esses serviços”, apontou, questionando mais adiante onde anda o governador de Luanda e o que fazem os seus auxiliares?
A venda de espaços públicos, supostamente por administradores municipais, como são os casos do mercado Hoji-ya-Henda e do espaço onde funcionava o antigo centro de saúde daquele distrito, à empresários chineses, sem que Manuel Homem questione os seus auxiliares ou despolete os competentes processos de averiguação são apontados pelos cidadãos ouvidos pela nossa equipa como factos que podem levar a que Manuel Homem saía pela porta dos fundos do Palácio da Mutamba.
“Não se compreende como é que, mesmo após denúncias públicas sobre a venda destes espaços, o Governo provincial de Luanda, na pessoa do seu titular, não remete os responsáveis desta área aos órgãos de justiça ou de investigação como a IGAE, o SIC ou a PGR”, denuncia, Zeferino Salembe, que acusa o governador de alguma conivência.
Neste sentido, espera que, como munícipe do Cazenga, em Luanda, os órgãos de investigação consigam apurar quem, de facto, vendeu estes espaços para serem responsabilizados de forma exemplar.
Cidade sem “cartão-de-visita”
Maria de Fátima, outra citadina, denuncia que hoje por hoje, Luanda debate-se com a falta de uma zona que pode ser considerada o “cartão de visita” da capital do País.
“Antigamente, dirigíamo-nos ao Largo da Independência para fazer fotos porque estava tudo bonito. Hoje, o largo perdeu o brilho, os repuxes já nem funcionam e até mesmo água esverdeada o visitante encontra”, apontou.
Não se percebe como é que Luanda está nessas condições, notou, José Sapalo, que espera uma outra postura do governador Manuel Homem para mudar o quadro da cidade capital.
“Pelos carros top de gama que os nossos governantes andam com eles, a cidade de Luanda deveria ser exemplo para muitas cidades africanas, mas parece ser o contrário. Nos exibimos que temos muito dinheiro, muito poder, mas a ‘nossa casa comum’, como eles próprios apelidaram, não passa de uma cidade mal cheirosa”, sublinha.
Entretanto, uma pergunta mantém-se em aberto: Quanto tempo mais vai permanecer Manuel Homem nas redes sociais enquanto os luandenses procuram alternativas para driblar os problemas do dia-a-dia?