Bloco Democrático: "Só uma Comissão da Verdade pode fazer justiça à memória das vítimas do 27 de Maio"
Assinala-se hoje, o 27 de Maio, dia considerado por muitos angolanos como o dia da maior chacina em Angola, cujos autores foram elementos de proa do MPLA, partido que governa o País desde 1975, cujo número de vítimas continua por se contar.
Por: Telson Mateus
Em nota enviada ao NA MIRA DO CRIME, o partido liderado por Filomeno Vieira Lopes, que nas eleições passadas aliou-se a UNITA na plataforma Frente Patriótica Unida e, que por disso, conseguiu alguns acentos parlamentares, refere que este constitui para o Bloco Democrático (BD) uma oportunidade ímpar de reflexão em torno do nosso processo histórico, feito de luzes e sombras.
O BD recorda o 27 de Maio de 1977 e o banho de sangue que se seguiu como uma homenagem singela a todas as vítimas deste massacre e das famílias angolanas que perderam os seus ente-queridos.
"Se nos lembramos das vítimas temos motivos de sobra para não olvidarmos os algozes, os torcionários, os mentores, muitos deles vivos sem qualquer manifestação pública de arrependimento, acomodados numa capciosa justificação política para manter o poder sem manchas", sublinha.
De acordo com o comunicado do Bloco Democrático, nesta data tingida de sangue, que ensombra a nossa pátria, falar de perdão e reconciliação através da CIVICOP, "é um paliativo que visa inclusive a humilhação dos outros como temos assistido na média estatal em campanha liderada pelo Executivo".
Por este facto, acrescenta, o BD reafirma, pois, que "apenas uma Comissão da Verdade, composta de cidadãos imparciais e num contexto político verdadeiramente democrático, pode fazer justiça à memória de todos quanto deixaram subitamente o mundo dos vivos bem como os que foram sujeitos à torturas e tratamento desumano".
Na sua visão, só assim estarão criadas as condições não só de um perdão efectivo, mas igualmente a garantia de um não retorno à práticas sub-humanas degradantes, uma vez que definitivamente a nação saberá, da dor resultante dessa pesada conjuntura crítica, tirar as devidas lições que "orientarão positivamente o futuro da nossa casa comum".
Em gesto de conclusão, o BD acredita que o bem prevalecerá à crueldade e que o senso de justiça prevalecerá contra os golpes baixos do poder hegemónico.
Por este facto, apela à todos angolanos a persistirem numa postura atreita à verdade e à verticalidade combativa, não obstante a dor, ainda vigente, ser ampliada pela dramática carestia de vida, da difícil situação económica e da grave crise social quando a paz e o bem-estar deviam ser vividos por todos angolanos de Cabinda ao Cunene.