Percurso na Assembleia Nacional coloca ‘Nandó’ em vantagem na corrida à presidência do MPLA
Um dos assuntos que capitaliza as atenções, neste momento, em Angola, é o fim do mandato de João Lourenço já em 2027 e a consequente indicação do novo candidato do MPLA à presidência da República. Dentre vários nomes cogitados, figura o de Fernando da Piedade Dias dos Santos ‘Nandó’, cujo percurso na Assembleia Nacional o coloca no topo dos favoritos.
Por: Lito Dias
Este jornal sabe que os candidatos vão se posicionando individualmente ou contando com algum empurrão de grupos que, tendo em vista a necessidade de se normalizar o bom funcionamento das instituições democráticas, indicam quem acham que melhor os vai representar.
Nandó, que até em 2022, era Presidente da Assembleia Nacional, pondo fim um percurso de mais de 10 anos, não manifestou o desejo de se candidatar à presidência do MPLA muito menos da República, mas o seu nome já aparece como possível substituto de João Lourenço. Dizem as fontes que tudo vai depender da sua própria disponibilidade e da aceitação de um núcleo restrito dos barões do MPLA com capacidade de influenciar o grosso dos militantes.
Não muito distante tanto da família do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos e também do actual presidente, Fernando da Piedade dos Santos teve uma passagem airosa na Casa das Leis, facto que o pode ajudar muito, caso aceite liderar o MPLA. Começou manco, mas, aos poucos, foi granjeando a sua simpatia tanto dos seus correligionários, como de parlamentares da oposição que não poupavam elogios a favor dele.
“A sua relação com outras forças políticas foi a mais razoável possível, tendo, dentro das suas habilidades, mantido a cultura de diálogo entre as diferentes correntes políticas no hemiciclo, e isso pode ajudá-lo a merecer a confiança de quem busca um bom presidente”, diz a nossa fonte que sublinha que a má impressão que se tinha de Nandó, enquanto Comandante Geral da Polícia, devido a alguns excessos cometidos, não suplanta o respeito e consideração que cultivou na Assembleia Nacional.
Outros perfis
Nada é oficial. Mas de um tempo a esta parte, aventava-se a possibilidade de Adão de Almeida, actual Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidência poder ser indicado como candidato do MPLA às próximas eleições. No entanto, a sua juventude inserida no meio dos pesos pesados do partido não foi capaz de se impor. Sem irreverência às suas competências, ele pode esperar mais um pouco.
Na mesma cadeia, surge o nome o Chefe da Secreta Angolana, Fernando Garcia Miala, mas depois de se vasculhar o seu registo criminal, lembrou-se que ele já tinha sido condenado a quatro anos de prisão, facto que o inibe de concorrer a um cargo como o de Presidente da República. Nestes termos, está praticamente fora das contas.
Norberto Garcia é o nome que se segue. O jovem político que, por enquanto, mantém as suas impressões digitais fixas no Gabinete de Acção Psicológica da presidência da República, já foi cogitado para o cobiçado cargo. Apesar de já ter sido julgado e condenado à prisão domiciliária, não há motivo bastante para ser prescindido da corrida presidencial, mas a sua relação com adversários políticos flagela almas sedentas de uma efectiva reconciliação, segundo nossa fonte.
António Venâncio já tentou, pela sua própria porta, chegar lá. As barreiras estatutárias impuseram-se e acabou se conformando com a próxima oportunidade. Será desta? Já se sabe que Venâncio já está na pista com o objectivo de tentar, mais uma vez, candidatar-se à presidência do MPLA, no congresso previsto para 2026 e, por via disso, chegar à presidência da República. Ele disse que, para começar, pretende tão-somente ajudar no processo de democratização interna do partido e imprimir uma nova dinâmica ao MPLA.
Ponderação séria de Higino Carneiro é de levar em conta. Com o reconhecimento de que alguma coisa tem de mudar, desde a organização, coesão, disciplina à mística ganhadora, pondera concorrer à liderança do partido, e assume vir a estar na “linha da frente”, bastando haver autorização de múltiplas candidaturas. Para já, se trata de uma manifestação de coragem, o que antevê uma disputa cerrada entre HC e o hipotético candidato a ser apontado por João Lourenço com a chancela de o Bureau Político do partido dos ‘camaradas’.
Essas movimentações acontecem numa altura em que se põe de parte a possibilidade de João Lourenço criar fundamentos para concorrer a um terceiro mandato.