Número de angolanos com fome aumentou para 10 milhões em 2024 - FPU
A plataforma política Frente Patriótica Unida (FPU) que congrega a UNITA, o Bloco Democrático, Sociedade Civil e o Projecto Político liderado por Abel Chivukuvuku, julga que o país vive uma crise geral que faz do quotidiano da maioria dos angolanos, um autêntico calvário; pelo que apresentou nesta quarta-feira, 10, uma declaração conjunta onde apresentou com alguns dados “de como a ambição pela manutenção do poder destrói a nação e desgraça e desespera os angolanos”.
Por: Lito Dias
Considera que a declaração ora apresentada por Adalberto Costa Júnior serve de alerta do desastroso desempenho do Executivo como: o estado social do país, o estado caótico do sistema de Saúde e a decadente situação da educação e ensino no país, inflação, contratação simplificada e créditos adicionais.
Para sustentar sua constatação, refere que o relatório o CEIC (Centro de Investigação da Universidade Católica) referente ao ano de 2023 indica que metade da população vive na pobreza, havendo no país mais de17 milhões de pobres.
“A taxa de pobreza tem vindo a crescer todos anos, passando de mais de 12 milhões de pessoas (41,7% em 2019, para mais de 16 milhões (49,4%) em 2022. Em 2023, o quadro piorou e estima-se que este número esteja agora acima dos 50% da população angolana”, esclarece.
De dados em dados, a FPU liga-se ao recente relatório do banco Mundial que estima que 9,5 milhões de angolanos (23%) esteja a viver abaixo da linha da pobreza, sendo cerca de dois terços em zonas rurais e um terço em zonas urbanas.
Fazendo fé no mesmo relatório, cerca 5.8 milhões de pessoas estão em risco de pobreza, isto é, acima da linha de pobreza, mas com o risco de cair abaixo dela.
O que mais preocupa a FPU, é que, projecções de diversas organizações indicam que o número de angolanos com fome aumentou para 10 milhões em 2024.
Quanto à saúde, a nata da oposição parlamentar representada na FPU refere que o Executivo prioriza a construção de grandes hospitais para os cuidados terciários de saúde, negligenciando as pequenas unidades para os cuidados primários e esquece a construção de infra-estruturas básicas necessárias a uma saúde pública sustentável.
No campo da educação, constata um deliberado esquecimento da importância do ensino primário, cuja consequência imediata é o contínuo aumento da iliteracia no país, causando imobilização nos subsistemas subsequentes.
“Por outro lado, dados do último relatório do UNICEF apontam para mais de 22% de crianças em idade escolar, fora do sistema de ensino”, revela.
No que a economia diz respeito, considera estar-se num “desastre”, reflexo directo de péssima estão da coisa pública.
“A elevada taxa de inflacção e desvalorização acentuada da moeda, são características marcantes desta crise económica que trouxeram consigo a redução drástica do poder de compra dos cidadãos”, sublinham.
Acrescenta que a falta de transparência vem expressa no abuso da contratação simplificada e ajustes directos como modalidade de eleição da contratação pública.
“No primeiro mandato do actual presidente da República, das 700 contratações públicas lançadas, 508 foram adjudicadas por ajuste directo, outra forma de dizer contratação simplificada”, salienta, acrescentando que Janeiro de 2023 a Junho do corrente ano, o Titular do Poder Executivo decidiu a arrematação de 95.4% de empreitadas e contratações públicas por ajuste directo, o que significa, na realidade, a entrega de contratos milionários por compadrio e amiguismo.