Estado não teve capacidade de apoiar ex-militares que deram o seu contributo na defesa da Pátria – Dino Matross
Julião Mateus Paulo (DinoMatross), ex-secretário-geral do MPLA e chefe das extintas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, (FAPLA), afirmou que o Estado não teve capacidade de apoiar todos aqueles que deram o seu contributo na defesa da pátria. Dino Matross, que falava por altura do 50º aniversário da fundação das FAPLA e do 23º da Associação de Apoio aos Combatentes das ex-FAPLA (ASCOFA), garantiu entre tanto que apesar das contingências, os antigos militares não estão abandonados.
ASCOFA condecorou, no dia 1 de Agosto, várias personalidades ligadas à vida militar e civil em reconhecimento aos serviços relevantes prestados à nação, com medalha de mérito, como são os casos dos generais Dino Matross, Eusébio de Brito Teixeira, Francisco Pereira Furtado, Rodeth Gil, Francisco Afonso (Hanga), Matias de Lima Coelho Zumbi, Altino Carlos José dos Santos, actual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, Sá Miranda, Higino Carneiro, Nguxi dos Santos entre outros.
Matross disse mais: “Não digo que foram abandonados e nem esquecidos. São dificuldades que o país tem encontrado até hoje. Dai a fraca atenção a essa franja de militares que se sentem abandonados, mas na medida do possível o Estado tem resolvido os seus problemas, sobretudo para aqueles que deram a sua contribuição sem pensar em cargos. Eles deram muito da sua vida para a melhoria do nível de vida dos angolanos”.
Antigo militante de proa dos ‘camaradas’ reconheceu que o Estado angolano não tem conseguido resolver os grandes problemas por que passam os ex-FAPLA na sua grande plenitude.
Tendo avançado que os ex-militares “estão reconhecidos pelo grande desempenho que fizeram para alcançarmos a independência nacional e a paz”.
Pensar em todos
“Eles estão reconhecidos através das suas associações que lhes representam, tanto os FA PLA, os ELNA e as FALA e hoje não podemos pensar apenas nos militares do antigo braço armado do MPLA é em todos”, disse Dino Matross, lembrando que com os Acordos de Bicesse, de 31 de Maio de 1991, em Portugal, criou-se o exército único que hoje se chama Forças Armadas Angolanas /FAA), que integram antigos militares das FAPLA, ELNA e das FALA, provenientes do MPLA, FNLA e da UNITA,” portanto, temos hoje umas Forças Armadas comuns”.
Mas voltando às FAPLA salientou que deixaram uma marca na história militar de Angola.
“Como sabem depois da independência fomos invadidos por tropas estrangeiras, caso do exército zairense e do regime do apartheid na África do Sul e pelos mercenários. Nesta altura as FAPLA desempenharam um papel fundamental principalmente na luta contra os invasores até que conseguimos libertar o país. Mesmo depois da independência ainda havia invasões estrangeiras, mas mesmo assim lutamos e conseguimos acabar com essas incursões, até aos primeiros acordos de paz”.
Como indicou, a derrota do exército sul-africano em território angolano pelas FAPLA, apoiadas pelas Forças Revolucionárias de Cuba foi o ponto mais alto da existência das nossas gloriosas forças armadas.
“Tivemos também o apoio de equipamentos militares das ex-União Soviética, e foi com este apoio que conseguimos derrotar o poderoso exército sul-africano. Para além desses tivemos o apoio da Guiné-Bissau e de Moçambique, aquando dos ataques do regime do apartheid na região sul de Angola”, lembrou.
Dignidade para os combatentes
O general Eusébio de Brito Teixeira, acha que os ex- FAPLA seriam melhor significados, porque eles constituíram as primeiras forças armadas da ex-República Popular de Angola, “portanto foram eles que de fenderam o Estado angolano, quando estava a ser invadido por exércitos estrangeiros”.
Na sua visão os critérios de condecoração não foram alargados para muitos ex.- FAPLA, quando deveriam homenagear a maioria dos antigos militares e muitos deles estão vivos, outros já partiram para outra dimensão da vida e os que estão vivos nunca podemos os esquecer por aquilo que fizeram em prol da pátria.
“Nós fomos companheiros de trincheira, de lutas, de histórias heróicas desta nação e particularmente muitos dos nomes que eu vi na lista e assinaram a proclamação das FAPLA quase não existem. Existem poucos comandantes que proclamaram esse exército. Não podemos falar das ex-FAPLA sem falarmos daqueles que assinaram a sua proclamação”, disse o general Brito Teixeira.
Por sua vez, o presidente da ASCOFA, Caetano António Marcolino, garantiu que em 2025, as homenagens vão continuar e vão se estender para outras províncias, não ficando apenas por Luanda.
Antigo governador do Cuando Cubango e do Cuanza Sul, Brito Teixeira que também foi representante da Casa Militar do Presidente da República no Cuando Cubango sublinhou que “muitos deles não se sentem recompensados pela pátria, portanto, eles acham que estão abandonados”. Porém, continuou, “é preciso que haja acções práticas, sobretudo, as de apoio social e financeiro para que os ex.- combatentes possam prosseguir as suas vidas de forma normal no sector privado da economia nacional.
Contemplados
Neto, Dino Matross, Gouveia de Sá Miranda, Virgílio da Cunha Pinto (Gino), António Paulo Kassoma, Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó), Armando da Cruz Neto, Pedro Sebastião, João Luís Neto (Xietu), Fazem ainda parte, Almardo Antas, Bento Kangamba, Pedro José Van-Dúnem, António Francisco Andrade, Engrácia Cabenha, Emílio de Carvalho (Bibi), Domingas Alfre do Kipaxi, entre outros.
Por: Jornal “Pungo-a-Ndongo”