'Cofres vazios': ISCED precisa de mais de dois milhões de kwanzas para pagar 'kilapis' com docentes e não docentes
A direcção do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), em Luanda, diz não ter dinheiro para pagar as dívidas que tem com o pessoal contratado, entre eles, docentes e não docentes. A resposta do ISCED surge numa altura em que os docentes estão a exigir os seus salários em atraso.
Por: Telson Mateus
Docentes do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), em Luanda, queixam-se de atraso salarial.
Nesta situação, estão 19 professores e 21 funcionários administrativos sob regime de colaboração.
Segundo fontes do NA MIRA DO CRIME, naquela instituição do ensino superior, o atraso salarial vem desde o mês de Janeiro do presente ano.
O facto de ser uma instituição orçamentada, a nossa fonte, que preferiu falar sob anonimato por temer represálias, diz que não entende a razão de não se cumprir com as cláusulas contratuais, principalmente aquelas ligadas a remuneração do pessoal.
“Fomos contratados e temos cumprido com o nosso dever. Para além disso, temos gasto gasolina, dinheiro de táxi e o nosso precioso tempo, acreditando na idoneidade da instituição, mas já lá se vão sete meses que não vemos a cor do salário”, reclamou a fonte.
Para além dos docentes e funcionários administrativos, juntam-se à lista de queixosos os estudantes, segundo os quais as suas notas e nomes têm desaparecido do sistema de gestão escolar.
“Não sabemos, concretamente, o que se está a passar com os nossos dados académicos”, atirou a estudante Teresa Walter.
ISCED confirma 'kilapi' por falta de verbas
Ouvido à respeito, Augusto de Oliveira, coordenador da Comissão de Gestão do ISCED-Luanda confirmou a dívida existente e referiu que a instituição que dirige precisa de aproximadamente "dois milhões e 832 mil kwanzas para liquidar o pendente com todos os contratados, entre os quais, docentes e não docentes”.
“Você não pode dar aquilo que não tem. Dinheiro não vem das finanças, mas dos recursos próprios da instituição, ou seja, é dinheiro da comparticipação dos estudantes que contribuem 1.900 Kz por mês e o valor arrecadado com a emissão de algumas declarações, porque o estudante não necessita de declarações todos os dias”, disse.
Quanto ao alegado desaparecimento de notas e nomes, o responsável do sistema de gestão académica esclareceu que o que está a acontecer é a mudança de sistema.
"Nesse momento, foi instalado um novo sistema e os dados estão a ser transportados paulatinamente a partir do antigo sistema de gestão para o novo", sustentou, realçando que quase 90% das notas que estavam no sistema antigo já estão no novo sistema”, fez saber Yosbel Camacho.