Antigo secretário-geral da UNITA: General Kamalata Numa proibido de sair do País
O general Abílio Kamalata Numa, antigo secretário-geral e ex-candidato à liderança da UNITA, maior partido na oposição em Angola, está proibido de se ausentar do País, depois de ter sido acusado pela Procurador-Geral da República (PGR) de crimes de ultraje ao Estado, seus órgãos e símbolos.
Por: Telson Mateus
A medida restritiva a que o também antigo Chefe do Estado-Maior General e um dos históricos da UNITA, está sujeito desde a tarde desta terça-feira, 13 de Agosto, ao Termo de Identidade e Residência (TIR) e apresentações periódicas na PGR, segundo apurou o NA MIRA DO CRIME, surge na sequência de um processo em que é queixosa a Procuradoria Militar em face de textos publicados pelo acusado nas suas redes sociais.
A publicação feita por Kamalata Numa levantou suspeitas sobre a morte do antigo Chefe de Estado Maior General Adjunto para a Área Operacional de Desenvolvimento das Forças Armadas Angolanas (FAA), general Abreu Kamorteiro, seu companheiro de armas na antigas Forças Armadas de Libertação de Angola (braço armado da UNITA), que morreu de doença, a 27 de Novembro de 2022.
A acusação a que este jornal teve acesso, sublinha que este general, Kamalata Numa, bastante interventivo nas redes sociais, com maior incidência no Facebook, onde volta e meia publica artigos de opinião, alguns deles um pouco contundentes contra o MPLA e figuras de proa do próprio partido no poder, entre eles, o Presidente João Lourenço, chegou mesmo a afirmar que "Kamorteiro terá morrido envenenado e não de doença como foi divulgado na altura das exéquias porque era cogitado para ser o chefe do Estado Maior-General das FAA” em substituição do general António Egídio de Sousa Santos.
"Fui incisivo ao dizer que havia possivelmente mão humana, mas não me revi na extracção que eles fizeram do texto publicado no Facebook. Vou ver a publicação que eu fiz e depois disso juntar aos autos e voltar aqui à DNIAP para comparar o texto da acusação e o original", afirmou o general aos jornalistas à saída da PGR.
O antigo secretário-geral e ex-candidato à liderança da UNITA enfatizou que "infelizmente em Angola a democracia não está consolidada, "e parece que há algumas coisas que não se podem dizer".
Por este facto, sublinhou ser preciso “ter coragem para melhorar a qualidade da democracia em Angola".
Para Kamalata Numa a “acusação é política" e que do partido no poder, o MPLA, "espera tudo”.
Entretanto, em função da expectativa criada à volta da sua ida à PGR, da qual poderia ser acompanhada por inúmeros seguidores aos quais pede para lutar por Angola, a audiência do general Kamalata Numa foi rodeada de um enorme aparato policial.