Sul do País: Falta de Bilhete de Identidade aos cidadãos preocupa Bloco Democrático
O Bloco Democrático está escandalizado com o elevado número de cidadãos no Sul de Angola sem o Bilhete de Identidade (BI) e a fraca política do Executivo liderado pelo MPLA para a solução deste problema. Por este facto, insta o Executivo a assumir a sua responsabilidade na atribuição do documento.
Por: Telson Mateus
De acordo com o secretário-geral do Bloco Democrático (BD), Muata Sebastião, a constatação foi feita por este partido com assento parlamentar no decurso de uma digressão político-partidária nas províncias do Cunene, Kuando-Kubango, Benguela e Namibe.
“A situação é grave e é preciso que o Estado assuma as suas responsabilidades percebendo que neste País temos muitos angolanos cuja identidade lhes é negada todos os dias”, descreve.
O problema, segundo Muata Sebastião, afecta crianças, jovens, adolescentes e idosos, muitos dos quais nunca tiveram acesso ao BI, um documento que o político reputa de “muito importante para a vida dos cidadãos”.
“Para além da fome que assola um número considerável de famílias, o Bloco Democrático deparou-se com a situação que, há anos, o governo tem sido incapaz de proporcionar aos angolanos, o Bilhete de Identidade. E é sabido que sem este documento é difícil atestar se estamos diante de um cidadão nacional ou não", refere, apelando o Executivo para assumir as suas responsabilidades.
Para o político, o caricato é o Executivo assegurar o cartão do eleitor em tempo útil em detrimento do BI, o que significa que o angolano só serve para votação e não para os demais direitos.
“O agravante ainda é que notamos que o cartão de eleitor parece ser o documento mais importante do que o Bilhete de Identidade, já que é atribuído em todo País em tempo record ao contrário do BI que os cidadãos necessitam dele diariamente para dar sequência de outros processos administrativos”, lamenta.
Falta escolas
A digressão encabeçada pelo presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, deparou-se com uma situação socio-económica assustadora, marcada por relato de desemprego e falta de escolas.
Um exemplo deste cenário foi observado na Jamba Mineira, província da Huíla, onde um número considerável de crianças percorre longos quilómetros para ter acesso às aulas.
“Em muitos casos, as poucas escolas que existem não têm professores”, deplora.
A digressão pela região Sul do País, que decorreu de 23 a 26 de Agosto, passou em revista a situação da sociedade civil local, com destaque na província da Huíla, concretamente, nos municípios do Lubango e Caluquembe.
Uma sociedade civil descrita por activa, mas que se queixam da falta de oportunidades. “Muitos dos jovens activistas continuam a se queixar de perseguição, um hábito velho do regime, como eles mesmos caracterizam”, diz, acrescentando que “são críticas as informações que recebemos”.
O secretário-geral do BD que descreve uma situação menos boa para os jovens activistas, diz que a juventude é impedida de ter acesso ao emprego, mesmo com formação e qualificação para tal.
“O que se observa naquela região é o que acontece em quase toda a parte de Angola. O País continua a regredir e o Bloco quer emprestar a sua voz para falar pelos angolanos, defendendo os direitos que continuam a ser negados”, afirma.
Segundo o político, os jovens precisam sentir-se realizados na sua terra, criticando ou não o Executivo.
“Os dirigentes precisam encarar a crítica como algo positivo e nunca ver sangue onde não há ferida”, ironiza.
Muata Sebastião, que deixa uma palavra de “esperança para os angolanos”, considera que as batalhas do futuro implicarão ao Bloco Democrático e as forças vivas ávidas pela mudança, uma inteligência e unidade firme na busca do que falta.
“O País não pode continuar a ser o local da desilusão, do descaso e da utopia”, aflora.