Amigos à parte: Angola não vê possibilidade de vitória militar na guerra entre a Rússia e a Ucrânia e condena genocídio de Israel em Gaza
Angola olha para as guerras particularmente entre a Rússia e a Ucrânia; no médio oriente; no Sudão e na RDC, com alguma preocupação. Por isso, lembra que os angolanos aprenderam com o seu próprio conflito que não há paz sem diálogo e não há paz sem concessões de parte a parte. Para João Lourenço, este é um caminho que não pode ser negligenciado no contexto de todos os esforços a desenvolver, para se resolverem as graves crises de segurança que o mundo enfrenta actualmente.
Por: Lito Dias
Este pensamento foi transmitido aos líderes mundiais durante a 79ª Cimeira das Nações Unidas, onde João Lourenço disse que a guerra da Rússia contra a Ucrânia tem abalado de forma séria e profunda a estabilidade e a segurança na Europa, com fortes reflexos no resto do mundo no que se refere à estabilidade económica e à segurança alimentar e energética.
“Temos assistido a um contínuo recrudescimento deste conflito que vem escalando de forma inquietante, com efeitos devastadores sobre a situação interna dos países contendores, pela utilização de armamento cada vez mais letal, sem que isto prenuncie uma perspectiva de solução para este intrincado problema”, afirmou, concluindo que apesar de estarem a ser empregues meios militares e outros cada vez mais sofisticados no teatro de operações, “não se vislumbra nenhuma vitória militar nessa guerra com tendência de se alastrar para o resto da Europa se não se encontrar uma solução negociada, assente na observância dos princípios das Nações Unidas, que salvaguardem a soberania dos Estados, a indivisibilidade e a integridade territorial dos países”.
Das consequências às causas, o Chefe de Estado Angolano considera que a inobservância dos princípios da Carta das Nações Unidas, está na base de grande parte dos problemas e tensões que proliferam um pouco por toda a parte “do nosso planeta, onde os interesses e ambições geopolíticas particulares, contrários aos valores defendidos pela comunidade internacional, afectam muitas vezes a segurança e a estabilidade de regiões inteiras do nosso planeta.
No Médio Oriente condenou a morte e rapto de indefesos civis israelitas a 7 de Outubro do ano passado, e, por isso, Israel, em seu entender, tem o direito de proteger seu território, de garantir a segurança de seus cidadãos e de procurar resgatar os reféns ainda em paradeiro incerto.
“Mas por ter responsabilidades de um Estado, tudo deveria fazer para evitar o genocídio a que o mundo assiste em directo na Faixa de Gaza e os ataques dos colonos e expansão dos colonatos na Cisjordânia”, advertiu.
Fez saber ainda que nesses conflitos, as principais vítimas são seres humanos indefesos e vulneráveis, nomeadamente crianças, mulheres, velhos, jornalistas de cadeias internacionais, funcionários das Nações Unidas, trabalhadores de organizações humanitárias internacionais e doentes, mortos indiscriminadamente não só pelas bombas da aviação e artilharia, mas também por estarem impedidos pela força das armas de aceder e usufruir dos mais elementares direitos, de acesso aos alimentos, à água potável, aos medicamentos, à habitação e assistência médica e medicamentosa, pela destruição das principais infra-estruturas escolares, hospitalares, habitacionais, energéticas e outras.
Em relação ao Sudão, disse que se desenrola uma guerra violenta com consequências humanitárias de proporções dramáticas perante uma “certa apatia da comunidade internacional, que deve procurar convergir os seus esforços e agir em coordenação com a União Africana, no sentido de se promover e se alcançar a paz duradoura”.