Não são só polícias e militares – PR diz que políticos e deputados estão ‘misturados’ no contrabando de combustível
O Executivo angolano considera que a situação de segurança pública é estável, tendo havido contenção nos níveis de criminalidade, incluindo a criminalidade violenta. Quem o diz é o Titular do poder Executivo, quando apresentava aos angolanos o Estado da Nação, no arranque da IIIª sessão legislativa da V Legislatura da Assembleia Nacional, que teve lugar esta terça-feira.
Por: Lito Dias
João Lourenço disse que em comparação com o período homólogo, há uma diminuição significativa de crimes, embora tal situação não esconda as fragilidades ainda existentes e o trabalho “que temos de continuar a fazer para que tenhamos um país cada vez mais seguro”.
Uma dessas fragilidades é o contrabando de combustível, os danos ambientais resultantes da exploração ilegal de minerais estratégicos e de madeira.
Mas não é só isso. O Chefe de Estado fala também do reinvestimento público que tem que se fazer nos domínios da energia, das águas, dos transportes, das telecomunicações entre outros, na sequência da vandalização de bens públicos, o que impele a unir esforços e a lançar uma cruzada nacional contra estes tipos de crime.
No dia 13 de Setembro passado, o Ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, considerou o contrabando de combustível como um factor de instabilidade em Angola.
“O fenómeno também é uma preocupação de segurança nacional”, declarou Furtado que apontou o dedo indicador aos militares e polícias (generais e comissários), de estarem na base do negócio.
Na prática, até agora, nenhuma figura de proa ligada à polícia ou às Forças Armadas foi detida e julgada, o que tem criado acesas desconfianças de se pretender fazer um volte-face nas acusações.
Será isso? Ainda sobram dias que deverão trazer os quês e os porquês do atraso da mão pesada. No entanto, esta terça-feira, o Presidente João Lourenço destapou a panela: “seus autores, os compradores do produto do roubo, mas sobretudo os instigadores e fomentadores, devem ser exemplarmente punidos”.
Só polícias e militares? “Lamentavelmente, alguns deles são políticos e parlamentares, que têm a obrigação de defender a lei e o bem público, comportamento que deve ser condenado pela nossa sociedade”, alargou João Lourenço.
O combate a esses males envolve outros elementos mencionados pelo Presidente da República, nos seguintes termos: “vamos reforçar o quadro de efectivos e aprimorar a formação, para que tenhamos a Polícia Nacional e os diferentes serviços do Ministério do Interior à altura dos desafios da actualidade. Devem continuar a merecer a nossa atenção a construção e a reconstrução de infra-estruturas e a modernização tecnológica dos serviços de apoio operacional”.