‘Assalto’ à Cidade Alta: Partidos Políticos procuram alianças para eleições em 2027
O ambiente político em Angola começa a agitar-se com alguma petulância, tendo em vista as eleições de 2027, onde se espera um confronto renhido com novas alianças à mistura, umas previsíveis e outras extraordinárias. A extraordinária, até agora, é a ideia da CASA-SE pretender se refazer das cinzas e agigantar-se com a introdução de novos actores, estando o facto do Almirante na Reforma, André Gaspar Mendes de Carvalho ‘Miau’ à frente do PADDA de Alexandre Sebastião André (ASA) a ser a principal referência. Os grandes: MPLA e UNITA capitalizam as atenções e internamente digladiam-se, ora para ajustar os estatutos, ora para evitar o avanço de uma ou de outra ala.
Por: Mara Márcia
O MPLA já está na pista a avançar de passos trigosos rumo ao 8º Congresso Extraordinário que deve realizar-se nos dias 6 e 7 de Dezembro do ano corrente.
Este conclave, em si, deve acontecer quando necessário, por isso não constitui novidade. O que na verdade deverá ser novidade é o aparecimento de múltiplas candidaturas, o que ainda não é tradição no partido dos camaradas.
A agitação que se vive actualmente no partido que governa o país desde 1975 justifica-se com o facto de a verdadeira democracia interna ainda não ser um facto.
Por isso, qualquer tentativa de concorrer à liderança do partido é vista de forma muito negativista.
O que pode existir, desta vez, é o surgimento de figuras corajosas, como Higino Carneiro, Dino Matross e Fernando da Piedade Dias dos Santos que pretendem corrigir, de facto, “o que está mal” no partido, defendendo mais de uma candidatura ao cadeirão máximo.
Até agora, não há sinais claros de que venham desistir desse desiderato. Para esta formação política, a contenda é interna, pelo menos até Dezembro, depois é que tratará de “incendiar” as farpas de seus adversários.
UNITA e os seus intrometidos
O maior partido na oposição está numa situação delicada em que espera ataques de todos os lados: o desmembramento da plataforma eleitoral Frente Patriótica Unida (FPU), com a legalização de um PRA-JA liderado por político astuto é um assunto que está a criar uma ferrenha movimentação de opiniões.
Já é um dado adquirido que a FPU viverá até 2027, altura em que os seus componentes estarão voltados à safra nas eleições; alguns para sobreviverem e os outros para se firmarem.
O surgimento de uma Comissão de Resgate que, intramuros, é tida como estando mais do lado “regime” do que do partido em si, porque se diz que o seu objectivo principal é desalojar o actual presidente antes do prazo, é outra frente que se abre.
Também está atenta aos eventuais adversários políticos, para além do MPLA, não fugindo muito do que vem acontecendo em pleitos eleitorais.
Ou seja, o surgimento de forças políticas legalizadas em cima da hora só para “atacar” a UNITA. Já se percebe que o partido fundado por Jonas Savimbi tem o seu trabalho facilitado, em parte, pelo descontentamento da população ante a crise que o país vive.
A ideia de que a UNITA é uma plataforma eleitoral permanente não é comprovada até pelos seus militantes que já confundem o partido com o seu presidente.
Com o virar do ano, já se começará a preparar o congresso ordinário, em 2025, que, como é de costume, terá como momento mais alto a eleição do presidente, geralmente com múltiplas candidaturas, querendo mostrar que a democracia interna está consolidada, embora na prática não seja o caso.
PRS à espera do TC
Depois da realização do seu congresso no início do mês corrente, a direcção eleita liderada por Benedito Daniel espera, a todo instante pelo pronunciamento do Tribunal Constitucional que está a analisar o processo de impugnação apresentado por Sapalo António.
Este aponta irregularidades antes e durante o conclave que elegeu Benedito, que, por sua vez, demorou bastante para convocar o acto, alegadamente por falta de verbas.
FNLA procura juntar retalhos
Foi noticiado na primeira semana desde mês um encontro entre o veterano Ngola Kabangu, o ex-presidente Lucas Ngonda e o actual líder Nimi-a-Nsimbi, com vista a uniformizarem propostas conducentes à salvação do partido.
Nada substancial transpirou do encontro, mas, fontes deste jornal adiantaram que ficou a intenção de encontros tripartidos prosseguirem nos próximos dias, para que a FNLA saia diferente e forte do próximo congresso.
PH e os assuntos para solver
A jurista Bela Malaquias que lidera o Partido Humanista, de resto a formação política sensação nas eleições de 2022, tem problemas por resolver com os seus militantes que a acusam de mal gestão da organização.
Agora está em causa a necessidade de dissipar tais quezílias e seguir em frente, já que a dinâmica política obriga que os partidos políticos trabalhem sempre e mais para merecerem a confiança do eleitor.
Uma baixa na CASA-CE
Fontes fidedignas avançaram a este jornal que o Partido de Apoio para a Democracia e Desenvolvimento de Angola – Aliança Patriótica (PADDA-AP), fundado por Alexandre Sebastião André (ASA) passa a ser dirigido por André Mendes de Carvalho ‘Miau’, um dos poucos independentes na coligação CASA-CE, depois das eleições de 2022.
A decisão, refere a fonte, foi tomada numa reunião alargada deste partido, realizada este mês em Luanda, que congregou 13 dos 18 representantes provinciais.
Problemas de saúde de Alexandre Sebastião André forçaram a sua saída.
A fonte não disse se Miau manterá o partido na CASA-CE ou deverá concorrer sozinho nas próximas eleições. No entanto, tudo indica que deverá manter-se na coligação liderada por Manuel Alexandre que, deste modo, puxará o presidente do PADDA para uma das vice-presidências de onde já havia sido apeado em 2021.
De considerar que a inércia de Manuel Fernandes levou a coligação à derrocada, nas últimas eleições e à perda de alguns partidos integrantes. ASA era cogitado na liderança da CASA-CE, a seguir a Manuel Fernandes, que tem pela frente o desafio de trabalhar para devolver a coligação na Assembleia Nacional, em 2027.
Com a lição bem estudada, Fernandes, certamente, não vai por alianças de parte, sendo que essa estratégia esteve na origem da criação dessa formação política, na altura liderada por Abel Chivukuvuku.