O Intocável? – PR mexe no SIC e SME e ‘perdoa’ Eugénio Laborinho
Equipa que ganha se mexe? O questionamento surge precisamente tendo em conta as últimas mexidas feitas no Ministério do Interior, 10 dias depois do pelouro chefiado por Eugénio Laborinho ter recebido largos elogios do Presidente da República, durante o seu discurso sobre o Estado da Nação.
Por: Mara Márcia
Quando se esperava que, fruto do avolumar de crimes violentos e principalmente do problema de contrabando de combustível, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho saltaria do cargo, eis que o Presidente da República, no passado dia 15 de Outubro, mostrando que estava tudo bem, e porque a equipa que ganha não se mexe, deixou os órgãos do Ministério do Interior a funcionar na sua normalidade.
Na ocasião, prometeu continuar a prestar todo o apoio aos órgãos de investigação criminal para estar em melhores condições de cumprir a sua missão que “continuamos a valorizar e a reconhecer, tendo em conta os resultados alcançados”.
No entanto, na prática, as coisas não estão como parecem estar tendo havido mexidas profundas nos órgãos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e nos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME), SINSE e Corpo Especial de Segurança para Minerais Estratégicos, depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional.
Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, que até então dirigia o Corpo Especial de Segurança para Minerais Estratégicos, é o novo Director Geral do Serviço de Investigação Criminal; enquanto José Coimbra Baptista Júnior, que ocupava o cargo de Chefe-Adjunto do Serviço de Informação e Segurança do Estado passa a ocupar o cargo de Director Geral do Serviço de Migração e Estrangeiros.
O titular do Ministério do Interior continua de pé e cal, transparecendo uma espécie de “ganhador” e, por isso, não pode ser tangido.
Laborinho confirma, assim, o estatuto de um capitão de equipa que se confunde com o seleccionador.
Dito de outra maneira, ele até pode jogar mal, mas continua em campo, pois mereceu a confiança do seleccionador.
Nos últimos anos, há crimes que dominam a sociedade, sem os presumíveis autores à vista, embora, intramuros, já se saiba que são governantes.
O desafio lançado tanto ao Ministério do Interior como à Procuradoria Geral da República, através do SIC, é trazer à liça, por exemplo, os verdadeiros mentores do contrabando de combustível que afinal, são oficiais das Forças Armadas, da Polícia Nacional e também alguns políticos e deputados, como o próprio Executivo apregoou.
Têm também o seu envolvimento em crimes de vandalismo de bens públicos, segundo o Chefe de Estado.
Até ao momento, ninguém foi apresentado aos órgãos de justiça.
Este vai ser, certamente, o desafio dos recém-empossados cuja missão, entre outras, vai ser desbravar a teia dos visados nas investigações que as autoridades, até agora, teimam em não apresentar, mas cansam os telespectadores a assistirem com frequência camiões de bidões de combustíveis apreendidos.