Tocaram onde dói mais: Secreta assume “definitivamente” o MININT e 'anunciam' novas ‘varreduras’ em todos os escalões da farda azul
O turbilhão no Ministério do Interior, na verdade, começou no dia 26 de Agosto do ano em curso, quando o Governador da Província do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, pediu apoio ao Presidente da República para combater o contrabando de combustível que havia-se tornado um cancro na zona sob sua jurisdição. Quase a implorar, Adriano mostrou-se incapaz de combater os graúdos que estavam por detrás do tráfico de combustível em larga escala em quase todo país.
Este alerta aconteceu durante uma reunião de governo que aconteceu naquela província ao norte do País, e fez soar o alarme aos serviços de segurança, tendo o Chefe de Estado criado uma comissão multissectorial, liderada pelo general na reforma, ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, que em menos de um mês colocou ‘mão na massa’ e em tão pouco tempo descobriu grupos organizados, liderados por altas entidades do aparelho do Estado, bem como políticos, deputados, generais e comissários da PNA que aproveitavam desta prática, para enriquecimento ilícito.
O resultado da investigação da comissão criada, apontou gravíssimas irregularidades no seio da segurança interna, liderada até então pelo ministro Eugénio Laborinho, e apontou inúmeras dificuldades e interesses em algumas individualidades em não combater este fenómeno, por conivência ou negócios ligados a máfia.
Atento a gravidade e nível preocupante em que estava o problema, o Chefe da Casa Militar do PR denunciou publicamente, na cidade do Soyo, província do Zaire, o envolvimento de altos dirigentes do país no contrabando de combustível para a República Democrática do Congo (RDC).
Francisco Furtado afirmou que há individualidades identificadas envolvidas nesta máfia, incluindo governantes, antigos governantes, oficiais generais, oficiais comissários, autoridades administrativas a nível provincial e municipal, além de autoridades tradicionais.
Segundo o ministro, 52 por cento dos casos de contrabando de combustível no país acontecem na província do Zaire.
“O contrabando de combustível é uma ameaça à segurança nacional. Os envolvidos nesse negócio ilícito enfrentarão a Lei, podendo até perder seus cargos”, referiu, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República.
Na imprensa, e sem querer fazer justiça antecipada, Eugénio Laborinho, por ser supostamente dono de uma empresa “Labuta Transportes e Logística” cuja actividade mercante é a transportação de mercadorias para o interior do país, foi, inúmeras vezes, apontado como sendo a ‘cabeça do problema’, mas sem provas concretas, conseguiu arrastar o seu ‘reinado’ no MININT até ao fim da tarde desta quinta-feira, 31.
O fim da era Labuta: Secreta segura MININT e aproximam-se varreduras
A forma como Eugénio Laborinho dirigia o Ministério do Interior, para além de alguns bons aplausos, era, na maior parte contestada, principalmente por aqueles que o receberam de mãos abertas, e foram arredados na hora da última ceia.
Alguns amigos de trincheira foram ‘escorraçados’ do Ministério que ajudaram a crescer, e saíram da porta do fundo, sem nenhum reconhecimento.
Em menos de uma semana, aquando das exonerações dos Directores-gerais do SIC e SME, quando o Na Mira do Crime ‘sabia’ que haviam mais 45 dias para a secreta escrutinar Laborinho, seis dias foram suficientes para o Presidente da República ‘bater onde dói mais’, e deixou cair o destemido General Laborinho e dois secretários de Estado numa só sentada.
Haja Homem…
Em seu lugar foi nomeado o até então Governador Provincial de Luanda, Manuel Homem, membro do Bureau Político do MPLA e segundo consta, um quadro sénior da Secreta Angolana (SINSE).
Na qualidade de político, e numa busca interna feita pelo Na Mira, consta do currículo profissional (não disponível ao público) de Manuel formações militares, sendo quadro dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SINSE), e considerado um homem de confiança do Presidente da República.
Homem, depois das Telecomunicações onde não deixou muitas saudades e do GPL onde conseguiu se impor, assume agora as pastas do órgão que coordena as Políticas de Segurança Pública no País.
Sendo assim, sendo o Comandante-geral da Polícia Nacional, Comissário-geral, Arnaldo Carlos, um quadro da Segurança do Estado, o grupo fica fechado e tem caminho aberto para agir.
A desorganização do MININT é uma das preocupações do colégio da secreta, que tem a missão de disciplinar os mais diversos escalões da polícia, devendo para isso tratar com rigor todos os casos que envolvam agentes ou oficiais da polícia.
Com está nomeação, temos um Ministério do Interior sob domínio da Secreta (SINSE), uma vez que o próprio Ministério do Interior e seus órgãos executivos centrais como o SIC e o SME, são agora dirigidos por quadros seniores e altamente formados no SINSE, devendo assim tramitar directamente com o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado, Fernando Garcia Miala.
Trabalho de avanço…
Nos próximos dias, aguarda-se uma carga de procedimentos criminais de altas patentes deste órgão, por suspeitas de envolvimentos em acções criminosas como contrabando de combustíveis, tráfico de droga, corrupção passiva, tráfico de influências, na sua maioria com cidadãos estrangeiros que se acham intocáveis, e estão envolvidos nas mais diversas facetas do crime organizado, que vai criando teias preocupantes no País.
PGR ‘aguarda’ luz verde para avançar
A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai divulgar nos próximos dias, nomes de cidadãos envolvidos no contrabando de combustível no país, garantiu à imprensa a Vice-Procuradora Geral da República, Inocência Pinto.
A responsável falava terça-feira, 29, de Outubro, em Luanda, à margem do seminário sobre “Prevenção e Branqueamento de Capitais e do Crime Organizado”, e referiu que neste momento o órgão que representa, está a investigar os cidadãos suspeitos.
“A PGR vai cuidar de levar à barra dos tribunais todos os cidadãos suspeitos de envolvimento no contrabando de combustível. Não podemos avançar agora nomes, ao seu tempo a Procuradoria-Geral da República há de fazer um comunicado a dar nota do que se passa relativamente a isto”, garantiu.
O Presidente da República acusou recentemente políticos e parlamentares de envolvimento em crimes de vandalismo que provocam “danos avultados” à economia, defendendo que os responsáveis devem ser “exemplarmente punidos”.
João Lourenço, que discursava na abertura do ano parlamentar, na Assembleia Nacional, onde fez um retrato do Estado da Nação, avisou que vai prestar uma especial atenção aos crimes de contrabando de combustível, de exploração ilegal de recursos minerais e de vandalização dos bens públicos que provocam danos avultados à economia angolana e prejudicam os cidadãos.
Quem é o novo ministro do Interior?
De 45 anos de idade, Manuel Gomes da Conceição Homem, é filho de Emílio José Homem e de Rosa da Conceição Gomes.
Data de nascimento: 24 de Novembro de 1979 • Naturalidade: Província de Cabinda
Formação Académica • Mestrando em Tecnologias e Sistemas Web pela Universidade Aberta de Lisboa • 2009 - Licenciatura em Engenharia Informática de Sistemas pela Universidade Privada de Angola (UPRA)
Formação Profissional • 2011 - Formação Especializada (MBA) em Auditoria de Gestão de Projectos pelo Instituto IETEC de Belo Horizonte, no Brasil
Experiência Governativa • 2022 – 2024, Governador da Província de Luanda- 2020/2022 - Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social • 2017/2020 - Secretário de Estado para as Tecnologias de Informação • 2016/2017 - Director-Geral do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade da Informação (INFOSI) • 2013/2016 - Director-Geral do Centro Nacional das Tecnologias de Informação (CNTI).
Por: Na Mira do Crime