Eleições mais disputadas da história da JMPLA: Processo vai redefinir o futuro da juventude do MPLA
O IX Congresso Ordinário da JMPLA, marcado para os dias 21 a 23 de Novembro de 2024, é mais do que uma simples eleição interna. A disputa entre Justino Capapinha e Adilson Hach para o cargo de 1º Secretário Nacional da organização juvenil do MPLA transcende a escolha de um líder. Representa tão somente uma encruzilhada para a JMPLA, com consequências que podem impactar directamente a dinâmica política interna do MPLA e a relação com a juventude angolana.
Por: Telson Mateus
Quantitativamente, o processo eleitoral mobiliza 1.800 delegados, distribuídos proporcionalmente às 18 províncias de Angola.
Luanda, por ser o centro político e económico do País, possui o maior número de delegados, com cerca de 450 representantes, representando 25% do total. Outras províncias de grande peso, como Huíla, Benguela e Huambo, somam 30% dos delegados, enquanto as demais 14 províncias dividem os restantes 45%.
Nas análises preliminares, Justino Capapinha parece ter vantagem, especialmente nas províncias onde a influência das lideranças é mais determinante, como Luanda e Huíla. Estima-se que Capapinha possa conquistar cerca de 56% dos votos totais, o que corresponde a aproximadamente 977 delegados. Já Adilson Hach, apesar da sua força nas bases e em regiões como Namibe e Cunene, aparece com 44% das intenções, equivalente a 823 delegados.
Este equilíbrio é perigoso. As divisões internas entre as bases e as lideranças do MPLA são um ponto de alerta. A campanha polarizada, repleta de acusações de favorecimento e manipulação, expõe tensões latentes que podem se intensificar durante o congresso. A JMPLA sempre foi uma organização estratégica para o MPLA, funcionando como uma incubadora de líderes e um motor de mobilização eleitoral. Um congresso marcado por divisões profundas ou por contestação dos resultados pode enfraquecer ainda mais a organização e dificultar a sua a capacidade de desempenhar esse papel.
Ademais, as consequências deste processo vão além da JMPLA. O MPLA precisa de uma organização juvenil unida e eficiente para consolidar a sua base de apoio, especialmente em um cenário político que se torna cada vez mais competitivo. A escolha entre a continuidade e renovação não impacta apenas os militantes da JMPLA, mas também a própria estratégia do MPLA para os próximos anos.
Se Justino Capapinha vencer, o MPLA terá um líder jovem, mas alinhado às lideranças tradicionais, o que pode garantir estabilidade no curto prazo, mas corre o risco de perpetuar a desconexão com as demandas das bases juvenis. Já uma vitória de Adilson Hach pode representar um sopro de renovação, mas também traz o desafio de integrar diferentes grupos de interesse e implementar mudanças que muitas vezes encontram resistência dentro da estrutura partidária.
Portanto, este congresso não é apenas um processo eleitoral interno. É um reflexo das tensões, esperanças e desafios que atravessam o MPLA e a juventude angolana. A eleição entre Capapinha e Hach vai muito além de votos e números. É um teste para a capacidade do MPLA de se reinventar e responder às demandas de uma nova geração. Seja qual for o resultado, as consequências serão sentidas em todo o partido e, potencialmente, em toda a estrutura política do país.