A Comissão Política do maior partido na oposição, demorou para "descobrir" que o deputado José Pedro Kachiungo estaria supostamente por detrás de todas movimentações que desembocaram na criação de um grupinho que, dentro do partido, trabalhava para anular as grandes decisões, inclusivé o congresso realizado em 2919.

Por: Lito Dias

Em apenas uma semana, este órgão deliberativo do partido realizou duas reuniões, tendo a última acontecido nesta quarta-feira e que decidiu suspender preventivamente três grandes quadros, inclusive Kachiungo, abrindo-se uma nova era na vida da organização.

Reunida em sessão ordinária, no dia 1 de Dezembro, a Comissão Política da UNITA considera satisfatório o grau de execução das tarefas preparatórias do XIII Congresso da UNITA.

Para além disso, recebeu da Comissão Organizadora do Congresso a garantia de que estavam reunidas todas as condições para que o XIII Congresso tenha lugar nós dias marcados.

De acordo com o comunicado distribuído à imprensa na noite desta quarto, depois de analisar e discutir várias informações apresentadas sobre a actuação de alguns membros da Comissão Política fora dos trâmites disciplinares do Partido, a "Comissão Política decidiu, por votação secreta, com 150 votos a favor (85%), 20 votos contra (11%) e 6 Abstenções (4%), suspender preventivamente, nos termos do número 1 do artigo 21º dos Estatutos do Partido, os membros Estêvão José Pedro Katchiungo, José Eduardo e Altino Kapango. Até à data desta medida, o deputado José Eduardo era Secretário Provincial do partido em Luanda que, há pouco mais de um mês, substituiu o deputado Nelito Ekuikui.

Mas nos últimos dias era considerado um dos mentores da providência cautelar que alguns membros do partido, no total 07, interpuseram junto do Tribunal Constitucional, com o objectivo de anular a reunião da cúpula que marcou a data do congresso.

Entretanto, reiteradas vezes, José Eduardo confessou não ter ligações com o referido grupo e desconhecia as razões que levaram o seu nome constar da lista.

Já o deputado José Pedro Kachiungo mantém-distanciado da direcção do partido, desde Novembro de 2019, quando saiu em última posição, com 10 votos, na eleição que elevou Adalberto Costa Júnior à presidência do partido, num congresso que viria a ser anulado pelo Tribunal Constitucional, dois anos depois, porque um grupo de militantes, muitos dos quais dissidentes decidiram impugnar o conclave.

Segundo uma fonte próxima da direcção da UNITA, há fortes indícios de que Kachiungo estaria por detrás dessa impugnação, e da providência cautelar.

"Também tem fortes ligações com Galhardo Silva, outro militante se declara adversário de Adalberto Costa Júnior", refere a fonte.

O jovem Altino Kapango é outra figura que, desde 2019, vem riscado todos os lances da direcção do partido, afirmando que abertamente que não se revia nela.

Ele, que na era de Isaías Samakuva, já foi Secretário Provincial da UNITA no Namibe, Altino Kapango alinha-se também com José Pedro Kachiungo.

Reuniões Secretas no Cazenga e Viana

Desde que Isaías Samakuva abandonou a liderança da UNITA, em 2019, o partido tem sido assolado afrontas de alguns militantes à direcção eleita.

"O partido está cada vez mais exposto aos serviços de segurança de Estado e de acção psicológica do MPLA", revela a fonte, que disse mais adiante que, forças externas "capturaram" o partido, tendo o deputado David Mendes desempenhado o papel decisivo com revelações subvertidas sobre o partido do Galo Negro.

 Afinal, acrescenta a fonte, alguns quadros da UNITA também têm facilitado esse trabalho da "secreta", em troca de milhões de Kwanzas.

"As reuniões, na sua maioria, são realizadas na Vila de Viana ou no Cazenga, onde desde 2019, tem sido traçada a estratégia de inviabilizar o trabalho da UNITA", afirma a fonte que temos vindo a citar.

Nos últimos dias, por exemplo, depois de José Eduardo ter sido indicado para o cargo de Secretário Provincial de Luanda chegaram aos ouvidos do Gabinete de Estudos e Análises dos "maninhos" informações segundo as quais este teria se reunido com David Mendes para estudarem minuciosamente os passos a dar nó sentido de "tirar Adalberto Costa Júnior do caminho que o levaria à presidência da UNITA".

Segundo a nossa fonte, José Eduardo teria dito que nunca se conformaria com a liderança de Adalberto Costa Júnior e que, caso este fosse eleito, no congresso, preferia abandonar a UNITA e filiar-se no MPLA.

Depois da suspensão de sete membros do partido no último domingo, eis a outra cacetada que abrange mais três, uma relação nominal que pode crescer, se se tiver em conta outras figuras como a de Sabino Sakutala, Tchinjamba e Cláudio Silva que, segundo a fonte, têm estado em todas reuniões que abordam assuntos contra Adalberto Costa Júnio.