NOTA POSITIVA – Relações EUA-Angola a caminho da excelência
A recente visita a Angola do secretário de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA), Lloyd Austin, foi motivo de todas atenções a nível global e uma demonstração clara da importância geopolítica de Angola, numa altura em que África enfrenta vários desafios ligados à segurança. A nível interno, a sociedade aplaude o reforço das relações entre os dois países, facto elegido como Nota Positiva da semana.
Por: Na Mira do Crime
Mais de um quarto de século depois do estabelecimento das relações diplomáticas entre os EUA e Angola, o compromisso americano permanece vigoroso, fundamentado em valores comuns, no apoio mútuo pela paz e estabilidade regionais, e nas crescentes oportunidades económicas bilaterais.
A maior assertividade da polı́tica económica dos EUA para Angola, observada com a administração de Joe Biden, é dada como em fase ascendente, com a mobilização de recursos financeiros em grande escala.
Angola é um parceiro essencial na promoção da paz e estabilidade na região central e no sul de África. O Departamento de Defesa dos EUA tem melhorado as suas relações com as instituições de segurança de Angola, com foco no melhoramento da segurança marítima, prontidão médica e programas de gestão da saúde, ensino do idioma inglês, educação militar profissional e outros treinamentos técnicos em Angola.
Em Julho de 2019, os Estados Unidos e a Angola assinaram um Memorando de Entendimento sobre segurança e ordem pública que facilitou a cooperação policial, abriu novos caminhos para treinamento, e acelerou a troca de informações entre o Departamento de Estado e de Justiça dos EUA e o Serviço de Segurança e Informação Angolano (Serviço de Inteligência de Angola), bem como com o Ministério do Interior, que inclui a Polícia Nacional de Angola.
O Presidente João Lourenço e o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, concordaram na quarta-feira (27) em dar prioridade à capacitação, à segurança marítima, ao espaço e à ciberdefesa.
Além do aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de Defesa e questões de segurança regional, Austin agradeceu a João Lourenço “pela sua liderança em toda a região e a Angola como membro fundador da Parceria para a Cooperação Atlântica”, tendo as duas partes concordado em estabelecer um diálogo anual de defesa de alto nível para finalizar acordos de cooperação em matéria de segurança e dar prioridade a oportunidades para reforçar a cooperação em matéria de defesa.
O continente africano enfrenta vários desafios ligados à segurança, nomeadamente golpes de Estado, terrorismo, conflitos e outras questões que põem em causa a soberania dos Estados e também os interesses económicos, políticos e, até certo ponto, militar que os americanos têm a nível do continente africano.
O reforço das relações com os EUA tem criado, de certa forma, algumas expectativas quanto às relações que Angola mantem com a Rússia e a China.
A este propósito, é normal que Angola se posicione no sistema internacional e defina as suas alianças circunstanciais e permanentes.
Não significa que a visita do secretário de Defesa americano ponha em causa as relações tradicionais que Angola tem com a Rússia e com a China, apesar de estes países terem demonstrado ao longo dos tempos que tiram mais proveitos das relações com Angola, sugam as suas riquezas e, em contrapartida, pouco ou nada contribuem para o seu desenvolvimento.
Contudo, a aproximação entre o Estado angolano e o americano é claramente uma demonstração de um certo afastamento da Rússia nas questões ligadas à defesa e segurança, mas que não deve pôr em causa a relação entre os dois países.
O novo contexto do sistema internacional está a “testar” o Presidente João Lourenço do ponto de vista da sua articulação com as grandes potências, que tem optado por uma diplomacia de jogo de cintura, para não criar nenhum irritante político, económico e até militar com as grandes potências mundiais.
Enquanto isso, Os Estados Unidos apoiam o compromisso do Presidente João Lourenço na luta contra a corrupção e para a implantação das reformas económica e política por meio de várias iniciativas, inclusive do programa do Departamento do Tesouro dos EUA, lançado em Março de 2019, para aperfeiçoar a capacidade de Angola em implantar o regime de combate à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, para só citar esta.
Por outro lado, os EUA propiciam assistência técnica e treinamento para, entre outros, a Polícia de Investigação, o Ministério do Ambiente, o Gabinete do Procurador-geral, e o Instituto de Biodiversidade e Conservação para combater a caça furtiva ilegal e o tráfico de vida selvagem em Angola; fazem parcerias com as ONG locais para o melhoramento do engajamento comunitário no combate aos crimes contra a vida selvagem; e coordenam com as autoridades governamentais responsáveis pelos recursos transfronteiriços terrestres e hídricos.
O cenário de uma melhoria das relações com os EUA é também associado ao aumento da confiança em Angola da parte de outros paı́ses e organizações internacionais, facto que vai propiciar um impulso à recuperação e desenvolvimento da economia, em especial nos sectores industrial, mineiro e das infraestruturas.
Ao investimento norte-americano são associadas capacidades financeiras, tecnológicas e de organização que faltaram a muitos projectos de investimento interno ou em parceria com capitais externos que não corresponderam às expectativas.
No panorama político interno, esta abertura de Angola para o mundo, através de relações salutares com os Estados Unidos, é um alerta para a oposição, nomeadamente para o partido UNITA, que vai perdendo o foco principal da sua actuação e enfraquece a sua visão objectiva.
Considera-se mesmo que, continuando por este caminho, João Lourenço abre alas para candidatar-se a um terceiro mandato, porque os “outros” não sabem com que “linhas se cosem”!